DEUS CONSERVE PRA SEMPRE MEU BOM SENSO TEMPERADO A PITADAS DE LOUCURA

Eu respeito a crendice dos ateus

E a descrença que mora nos beatos

O atrativo daqueles que são chatos

E o modesto que às vezes se acha Deus

Reconheço o valor dos versos meus

E a sujeira que habita à mente pura

A pureza que mora na mistura

E a discórdia que mora no consenso

Deus conserve pra sempre meu bom senso

temperado a pitadas de loucura

Eu respeito as hipócritas verdades

E o valor natural dos imperfeitos,

Pois somente através dos seus defeitos

Poderão destacar as qualidades

Reconheço o valor das falsidades

E a mentira que mora em cada jura

Tanta lágrima mole em cara dura

Que eu já nem ofereço mais meu lenço

Deus conserve pra sempre meu bom senso

temperado a pitadas de loucura

Eu respeito o lamento dos contentes

E a alegria que mora em todo pranto

O pecado que mora em todo santo

E o temor que apavora os mais valentes

Reconheço a moral dos indecentes

E o sabor palatável da amargura

O azedume que mora na doçura

E a fumaça que limpa pelo incenso

Deus conserve pra sempre meu bom senso

temperado a pitadas de loucura

Eu respeito a breguice do elegante

E a desordem na mente do analista

O desanimo mora no otimista

E a inocência namora o meliante

Reconheço a modéstia do arrogante

E o maestro que odeia partitura

O erudito que foge da leitura

E o aluno que adora ser suspenso

Deus conserve pra sempre meu bom senso

temperado a pitadas de loucura

Eu respeito a vontade do capacho

E o sucesso de todo o fracassado

A macheza do homem delicado

E a porção delicada do homem macho

Reconheço a elegância do esculacho

E o poder criador da criatura

A coragem que mora na paura

E o valor da derrota quando venço

Deus conserve pra sempre meu bom senso

temperado a pitadas de loucura

Eu respeito a esperteza que há no tolo

E a tolice que mora em cada sábio

O mau jeito que mora no mais hábil

Jubileu celebrado em cada bolo

Reconheço a desculpa para o tolo

E o valor nutritivo da gordura

A doença saudável que nos cura

E a paixão que parece amor intenso

Deus conserve pra sempre meu bom senso

temperado a pitadas de loucura

Eu respeito a doideira do careta

Lucidez que se mostra no maluco

A memória que mora no caduco

E o fantasma que mora na gaveta

Reconheço o caráter da mutreta

E a beleza que mora na feiura

Pilantragem que mora na lisura

E a pressão 10 por 8 do hipertenso

Deus conserve pra sempre meu bom senso

temperado a pitadas de loucura

Eu respeito o sorriso do sisudo

E a tristeza que mora na risada

Quem é tudo, mas diz que não é nada

Quem é nada, mas diz que sabe tudo

Reconheço a grandeza do miúdo

E a umidade que mora na secura

Noite em claro que ofusca noite escura

E a incerteza que mora no que eu penso

Deus conserve pra sempre meu bom senso

temperado a pitadas de loucura!

Cantor: é um compositor, instrumentista e cantor brasileiro.

https://youtu.be/rB3V8mlOXLQ

Edu Krieger
Enviado por Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino em 08/12/2022
Reeditado em 08/12/2022
Código do texto: T7667472
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