RIO AGONIA

Eu vi um rio sorrindo,

lhe juro, vi, sim,

ofertando alegrias

e artes para mim.

O caniço era torto,

eu andava de pés no chão,

no entanto me sentia

meio dono deste mundão.

Na sombra do mato

pescava lambari,

comia pitanga,

guabiju e guapuriti.

Eu vejo um rio chorando,

lhe juro, vejo, sim;

pedindo, implorando

ajuda para mim.

Olhando tuas águas turvas,

lamento a tua sorte,

em nome do progresso

mais apressam a tua morte

E agora, velho rio,

simplesmente te digo,

se a ganância te vencer,

o piá que fui irá contigo.