Saci
( Poesia Melodiosa - HH005 ).
Duma perna só, no pito fazendo fumaça.
Fogo na floresta, voa longe, o bem-te-vi.
Protetor das ervas, peraltices, por graça,
Nos rodomoinhos dos ventos vem o saci.
Põe na ordem o local que sobrevive,
Mesmo, que não o vendo, em ação,
Na magia do chão direito, ou aclive,
Intercedendo, ao pensar, por razão.
Do broto do bambu, veio à vida,
Nos sete anos servidos por tenda.
Dos setenta e sete, foi proferida,
Travessuras, afirmadas na lenda.
Nome de um pássaro, pela tribo tupi,
Cresceu serelepe, sem eira nem beira,
Livre, leve, e solto, afiado, sela o saci,
Sofrível, perdeu a perna, na capoeira.
Do gorro vermelho e nos pulos vive assim,
Encontra-se, quando menos espera, você.
Mas, nem tudo que faz é mal, para seu fim,
Nada se sabe ainda, na versão do Pererê.
CONTO COMPLETO
Duma perna só, no pito fazendo fumaça.
Fogo na floresta, voa longe, o bem-te-vi.
Protetor das ervas, peraltices, por graça,
Nos rodomoinhos dos ventos vem o saci.
Põe na ordem o local que sobrevive,
Mesmo, que não o vendo, em ação,
Na magia do chão direito, ou aclive,
Intercedendo, ao pensar por razão.
Do broto do bambu, veio à vida,
Nos sete anos servidos por tenda.
Dos setenta e sete, foi proferida,
Travessuras, afirmadas na lenda.
Nome de um pássaro, pela tribo tupi,
Cresceu serelepe, sem eira nem beira,
Livre, leve, e solto, afiado, sela o saci,
Sofrível, perdeu a perna, na capoeira.
E onde se avistam, não existem as observações, bem claras.
É mais: o zum, zum, zum, iguais os sinos, nos seus badalos.
Mas ecoadas há anos, nos mates, lares, quartos e nas salas,
Das ditas, encontradas nas crinas, em tranças dos cavalos.
Também, em insistentes traquinagens, nas casas,
Apagando as velas, pregando peças, nas pessoas,
Queimando comidas, quebra das xicaras, as asas...
Mas o que lhe dá fama, são brincadeirinhas tolas.
De estatura mediana, de cor não muito direta em descrições,
Odiado, amado, compreendido, por ser chamado, endiabrado.
Tornou-se a lenda, correu o mundo, nas escolas: fia as lições,
Mais vale é o seu nome chamado, do que nunca ser lembrado.
Existem quem pense, até fácil a captura,
Também vê-lo, frágil, distraído, e sozinho,
Como se fosse razoável, lhe jogar rasteira,
Seja pela manhã, na tarde, ou na escura,
Ou lançando rápido, no seu rodo moinho,
O aprisionando, no rodar de uma peneira.
Do gorro vermelho, e nos pulos vive assim,
Encontra-se quando menos espera, você.
Mas, nem tudo o que faz é mal, por seu fim,
Nada se sabe, ainda, na versão do Pererê.