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vou abrir o meu bloco de notas

quem sabe escrever me alivie ?!

cobrir o que os olhos me mostram

e olhar para dentro onde a dor ali vive,

vou contar pra mim mesmo

o q ainda não sei,

cortar a mim mesmo

por puro prazer,

deixe q o verbo me exponha

desde de que ponha pra fora

num feixe de luz o afeto me sonda

por puro fetiche do que me apavora,

o que pulsa no coração

conserva gelado

feito isopor,

expulsa, como em oração e observa calado

o sol se por,

decoro um salmo pra poder dormir

devoro minhas asas pra me controlar

livre da esperança,

sentimentos ilusórios,

redigi-me mais um livro

a cada segundo de espera,

limpe-me a herança

preso a um berço irrisório,

subconsciente

lucidez se desespera

posso sorrir docemente,

ser uma garotinha

cheia de amor,

posso render-me somente,

ser um veterano devastado em dor,

a verdade é que

não posso mudar quem eu sou

então me suporto,

raridade, possuo este dom

não posso me dar, é o q me restou

então me conformo e escrevo com fome,

joelhos surrados sustentam

essa vida curta mas não me consome,

os olhos cansados sussurram

meus medos traduzem minha culpa

trazendo átona a estupida forma de ver tudo em volta,

então vê se me solta, dessa altura seria

loucura flertar com a corda?

te restam a forca ou força do braço

foda-se o ultimo abraço, já que meu ultimo verso

tende a ser sempre amargo.

R Lelis
Enviado por R Lelis em 02/07/2022
Reeditado em 31/07/2022
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