05
vou abrir o meu bloco de notas
quem sabe escrever me alivie ?!
cobrir o que os olhos me mostram
e olhar para dentro onde a dor ali vive,
vou contar pra mim mesmo
o q ainda não sei,
cortar a mim mesmo
por puro prazer,
deixe q o verbo me exponha
desde de que ponha pra fora
num feixe de luz o afeto me sonda
por puro fetiche do que me apavora,
o que pulsa no coração
conserva gelado
feito isopor,
expulsa, como em oração e observa calado
o sol se por,
decoro um salmo pra poder dormir
devoro minhas asas pra me controlar
livre da esperança,
sentimentos ilusórios,
redigi-me mais um livro
a cada segundo de espera,
limpe-me a herança
preso a um berço irrisório,
subconsciente
lucidez se desespera
posso sorrir docemente,
ser uma garotinha
cheia de amor,
posso render-me somente,
ser um veterano devastado em dor,
a verdade é que
não posso mudar quem eu sou
então me suporto,
raridade, possuo este dom
não posso me dar, é o q me restou
então me conformo e escrevo com fome,
joelhos surrados sustentam
essa vida curta mas não me consome,
os olhos cansados sussurram
meus medos traduzem minha culpa
trazendo átona a estupida forma de ver tudo em volta,
então vê se me solta, dessa altura seria
loucura flertar com a corda?
te restam a forca ou força do braço
foda-se o ultimo abraço, já que meu ultimo verso
tende a ser sempre amargo.