O SEM FIM DA INFÂNCIA
No sem fim da minha infância,
Uma infância sem fim.
Memórias, histórias, lembranças,
Saudades, sentimentos... enfim.
No sem fim da minha infância,
Uma infância sem fim.
Histórias, memórias, lembranças,
Sentimentos, saudades... em mim.
Do alpendre da casa de maínha,
Eu avistava a rua de terra avermelhada,
“Arrudiada” de pés de Juás, algarobas e flamboyants.
As ruínas da casa de farinha,
O reboque que demarcava o terreiro e a entrada.
Tio Mocinho, tio Bitonho... mágicas manhãs.
Guardo na saudade minha
O cheiro do curral, do fruto do juazeiro...
A fila dos baldes no chafariz
E o colorido do São Gonçalo dançado no terreiro.
E quando de tardezinha,
A meninada embonecada depois do banho das seis.
O jirau, o engenho e os suspensos canteiros...
E os galos cantantes nas noites e nos quintais – tudo outra vez!
Os pés de imbuzeiros em flor
E as cercas de quebra-facão.
As rezas desquebrantadeiras de dona Maria...
O toc toc de tia Carmelita
A pisar o milho no pilão.
O aboio ecoando ao longe,
Onde a lonjura, hoje, se faz
Perto de quem vos fala.
O canto da mães às dezoito horas
Chamando nos para o ninho,
O fim do vôo diário... Oh, Eumaraaaaa!!!