Entre a migalha e o ouro
Entre a migalha e o ouro
É que mesmo confesso e não me canso.
Aliás cansado fiquei.
Quando no esgoto fétido trafeguei.
Tanto, tanto gritei, chorei, dolorido, sangrado fiquei.
Onde estarás tu Senhor, consolador manso.
Pedi, clamei, supliquei.
Oração, clamor, humilhei.
Não chegava, morria todo dia.
Era triste, todo mundo via.
Uma alma abatida sofria.
Foi quando a migalha implorei.
Senhor, senhor, olhe este filho abandonado.
Que nem mesmo os cachorros querem ficar do lado.
Olhe Senhor, sufocado em ardentes fornalhas.
Calafrio ardente, corte de navalhas.
Oh Senhor, suplicando, um pouco das tuas migalhas.
Hoje escuto o que meus ouvidos desprezava.
Assim dizia o Senhor.
Quero pra ti o ouro depurado.
O diamante jamais achado.
Filho, vens a mim.
A diadema mais cara.
O que tennho aos meus amados não é obras platônicas.
Da terra prometida, da terra mais rara.
Tua mesa farta.
Jaspes Sardônicas.
Cristal cobiçado, ao coração ousado.
Que não se envergonha em bater a porta, chamar, pedir, buscar.
Contempla a mim com zelo.
Tudo se fará.
Giovane Silva Santos