Miscigenação

Eu sou branco, sou negro, sou índio,

Mas não sou um ameríndio,

Minha pátria é o Brasil.

Aprendi a catequese,

Fui razão de espisquese,

Em um modo astuto e ardil.

Eu sou negro, sou índio, sou branco,

Sempre aos trancos e barrancos,

Trabalhei sem ter retorno.

Saí lá da minha terra,

Aqui, encarei a guerra,

Em sol quente feito forno.

Cheguei nestas terras belas,

Amiúde, em caravelas,

Comandadas por Cabral.

Trouxe espelhos, miçangas,

Apreciei índias de tangas,

Eu saí de Portugal.

Eu sou índio, sou branco, sou negro,

Sempre tive em meu apego,

A malvada escravidão.

Sou mameluco, mulato,

Sou cafuzo e é de fato,

Pela miscigenação.

Valério Márcio
Enviado por Valério Márcio em 16/02/2022
Reeditado em 16/02/2022
Código do texto: T7453184
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