Recado ao fanfarrão
Tu és farfante, fanfarrão,
Bazófio e blasonador.
És nojento, folgazão,
Gabola e arrotador.
Tu falas o que não és,
Um falante sem razão.
Vais vivendo nas ralés,
E conversando em vão.
És fanfarrão de mão cheia,
Que a mentira, tu semeias
E não sabes conversar.
O teu papo é esquisito,
Tu só comes ovo frito,
E arrotas caviar.
Tu falas que és valente,
Mas, tu és muito medroso.
Tu vais morrer de repente,
E vais dormir com o tinhoso.
Tu não falas a verdade,
És um grande mentiroso.
Não carregas a bondade,
És nojento e jocoso.
Te escrevo pra falar:
-Tu tens chifres e tem rabo.
Tu és casta a bradar,
És figura do diabo.
Tá dado o recado!
Podes ficar na tua,
Que eu vou ficar na minha.
Tua maldade flutua,
Tu és pessoa mesquinha.
És tremendo tranca-rua,
Sem amor, sem compaixão.
Tu és o abrigo da lua,
Tu vives na solidão.
Para ti, fiz poesia,
Desperdicei inspiração.
Eu não fiz com ironia,
Fiz com consideração.
Vá baixar noutro terreiro,
E recebas meu adeus.
Sou feliz o dia inteiro,
Minha vida está com Deus.
Tá dado o recado!