Recado ao fanfarrão

Tu és farfante, fanfarrão,

Bazófio e blasonador.

És nojento, folgazão,

Gabola e arrotador.

Tu falas o que não és,

Um falante sem razão.

Vais vivendo nas ralés,

E conversando em vão.

És fanfarrão de mão cheia,

Que a mentira, tu semeias

E não sabes conversar.

O teu papo é esquisito,

Tu só comes ovo frito,

E arrotas caviar.

Tu falas que és valente,

Mas, tu és muito medroso.

Tu vais morrer de repente,

E vais dormir com o tinhoso.

Tu não falas a verdade,

És um grande mentiroso.

Não carregas a bondade,

És nojento e jocoso.

Te escrevo pra falar:

-Tu tens chifres e tem rabo.

Tu és casta a bradar,

És figura do diabo.

Tá dado o recado!

Podes ficar na tua,

Que eu vou ficar na minha.

Tua maldade flutua,

Tu és pessoa mesquinha.

És tremendo tranca-rua,

Sem amor, sem compaixão.

Tu és o abrigo da lua,

Tu vives na solidão.

Para ti, fiz poesia,

Desperdicei inspiração.

Eu não fiz com ironia,

Fiz com consideração.

Vá baixar noutro terreiro,

E recebas meu adeus.

Sou feliz o dia inteiro,

Minha vida está com Deus.

Tá dado o recado!

Valério Márcio
Enviado por Valério Márcio em 09/02/2022
Reeditado em 12/02/2022
Código do texto: T7448458
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