SALA DE ESPERA
Ai, este silencio das pessoas
a reparar meus trajes pobres,
em cada cabeça um sentença
a maquinar ideias mórbidas.
O homem da gravata italiana
chegou depois de mim e já foi chamado,
a moça loura de decote ousado
não sai mais de lá.
Me ponho a folhear uma revista antiga,
olhando pros meus pés, encabulado,
três voltas no ponteiro e eu aqui sentado
lendo e relendo a carta de apresentação.
O expediente já está quase no fim,
a sala já está quase vazia,
é quando a secretária vem dizer
que o doutor não está, saiu,
pra uma reunião, volte outro dia.