Nada me faltou
Foi no sertão nordestino
O lugar onde nasci
Que cresci e que vivi
Todo tempo de menino
Fui um garoto franzino
Matuto e envergonhado
Às vezes fui humilhado
Por ser filho de roceiro
Mesmo por não ter dinheiro
Nunca senti desonrado
Foi simples a minha infância
Para mim foi uma riqueza
Aprendi com a natureza
A desconhecer ganância
Sempre tive em abundância
Umbu e Coroatá
Carne frita de preá
Inhambu e juriti
Farofa de lambari
Com beiju e mungunzá
Banhei muito de lagoa
Brinquei de pega-pega
De polícia e cobra-cega
Minha infância foi muito boa
Bebi chá de açafroa
Para aumentar a imunidade
Desfrutei com intensidade
Das riquezas do sertão
Me veio a recordação
Com uma intensa saudade
Mas o destino me fez
Um morador da cidade
Do sertão sinto saudade
E falo com sensatez
Um dia eu volto talvez
Levando a minha mudança
Vou desfrutar da pujança
Que eu sei que tem por lá
Não que esteja ruim por cá
Lá minha mente descansa
O Senhor me abençoou
Me deu paz e alegria
Alimento e moradia
Nada para mim faltou
Também me presenteou
Com uma família linda
Sei que Ele tem ainda
Muito para me oferecer
Só tenho a agradecer
Por sua bondade infinda