SÉCULO XXI

Um grito de dor não tem cor

São correntes que juntam as mãos

Pés descalços que levam o andor

Santo de barro pra qualquer pagão

O escárnio que fazia rir

Na anedota inocente de horror

A piada que agora entendi:

Um descaso com a história de dor

O sorriso no rosto sem cor

Não pertence a nenhuma nação

E do olho que nasce incolor

Gota d’água de um coração

Um grito de dor não tem cor

São correntes que juntam as mãos

Pés descalços que levam o andor

Santo de barro pra qualquer pagão

Casa grande de pedra urbana

Quem tem pele escura é negão

Nas senzalas favelas humanas

Descendentes da escravidão

Assinada por mão feminina

O início da libertação

Aguardando ansiosos ainda

O começo da abolição

Um grito de dor não tem cor

São correntes que juntam as mãos

Pés descalços que levam o andor

Santo de barro pra qualquer pagão

Toda alma volta sem cor

No caminho da criação

Braços dados com o Redentor

Várias vozes numa canção

Um grito de dor não tem cor

E da boca que vem tanto faz

Toda lágrima cai incolor

Ser humano por dentro é igual

Um grito de dor não tem cor

E da boca que vem tanto faz

Toda lágrima cai incolor

Ser humano por dentro é igual

Rowasouza
Enviado por Rowasouza em 15/09/2021
Código do texto: T7343135
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