Abrigo
Guardo no peito um coração
que chora nos braços da canção
E acorda a madrugada
em eterno turbilhão.
As cordas do velho violão
enchem de beleza a rua.
E o poder da natureza
traz a nova luz da lua.
Na corda bamba da saudade
equilibro o meu avesso.
Entre o amor e a liberdade
cada um paga o seu preço.
Quando a boca silencia
sopra um vento sorrateiro,
enche a alma de poesia
num milagre verdadeiro.
Por descuido ou por desejo,
bem antes do sol chegar,
a canção me dá abrigo.
Nem careço respirar.
Marilia abduani