Paz guardiã
Eu sou o amor sempre compartilhado.
O calor do meu peito aquece a manhã.
Estrelas de ouro formando um bordado
o gesto encantado, a febre pagã.
Eu sou o silêncio das horas perdidas
a sombra que esconde a noite em mim.
O grito engasgado, sou rosa esquecida
num canto da vida, eterno jardim.
Eu sou o luar que sustenta a secura
da mágoa sem dor, do cansaço sem fim.
A marca do tempo é o que transfigura
a luta , por dentro, entre o não e o sim.
Eu sou o amor que acalma e enternece
o fio da brisa tecendo a manhã.
o sol que me queima, a luz que me aquece
é o sumo da prece, a paz guardiã.
Marilia Abduani