AGNES MOOREHEAD COMO ENDORA

cinco da tarde

para um coração que não arde

e para um corpo que não pulsa

resta a mente precocemente convulsa

diante da TV

cinco da tarde

sem nenhum alarde

diante daqueles cílios

a vida saía dos trilhos

a se perder

o coração dividido entre mudar de emissora

e o desejo de ver agnes moorehead como endora

era demais para um corpo franzino que jamais beijara uma boca

cinco da tarde

de chumbo o céu se encarde

e de chuva o dia se enche

e de solidão a mente preenche

e há falta de luz

cinco da tarde

num ato covarde

sumo debaixo das mantas

sem endoras nem samantas

onde pousar minha cruz

o coração dividido entre mudar de emissora

e o desejo de ver agnes moorehead como endora

era demais para um corpo franzino que jamais beijara uma boca