JEITO TRAVESSEIRO

A dor da mágoa nunca cicatriza,

fica menos doída, menos áspera,

menos dor.

Essa dor de face cruel e mãos duras,

nunca dorme, nunca abandona a guarita,

nunca deixa de respirar, de berrar,

de fazer estrago.

Que dor doída, matriarca, traíra,

próspera no ranger dos dentes,

selvagem no caminhar, no ancorar,

no abraçar.

Perdura enquanto bem entender,

vem com mala, cuia e tanto mais,

chega como se fosse a dona de tudo,

e é assim mesmo.

Daí vem o perdão, com seus passos calados,

olhar terno, voz doce,

com jeito travesseiro,

desarma aquela dor que se dizia eterna,

que se fazia tanta, até mais do que isso.

Destroça suas asas, seus olhos, seu ar,

não deixa mais nada de pé.

Daí aquela mágoa que tanto ardia, tanto gemia,

volta pro lugar de onde nunca deveria ter saído,

pra morrer lá de vez.

(letra de música aguardando melodia. Quem se habilita?...)

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 17/06/2021
Reeditado em 18/06/2021
Código do texto: T7281304
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