SE MINHAS MÃOS FALASSEM
Com minhas mãos rasguei mundos,
aplaquei guerras, semeei chãos tantos.
Com minhas mãos fiz asneiras,
destrambelhadas, arrebatei tantas loucuras.
Com minhas mãos cutuquei Deus,
tapeei o tempo, rasguei a luz.
Com minhas mãos ensurdeci o mar,
libertei anjos, soquei os medos.
Quando olho para as minhas mãos,
vejo guerreiras gigantes, Everests
com 5 dedos nas pontas.
Nas suas linhas estão cravados meus dias,
meus repentes de sonhador, meus
amores vividos e apenas sonhados.
Mãos de poeta, de estivador,
de mestre, de rei, de palhaço,
de farsante, de um qualquer.
À essas compadecidas partes de mim,
agradeço com que tenho de melhor,
com todos meus ecos, rebarbas e confins.