Filho
Filho eu não tenho cargo,
Eu tenho função.
E vou vivendo o dia a dia,
Com a frustração.
Vê seu velho estudando,
A esperança é minha cruz,
Em rumo a dignidade,
A fé me conduz.
Filho eu morei no campo,
Junto a plantação,
Carpinei muito roçado,
Cuidei da criação.
Lá eu me sentia vivo,
Mesmo com trabalho duro,
E não me faltava nada,
O que plantar dá fruto.
Temo que a minha luta,
Tenha sido em vão,
Troquei a felicidade,
Pela ilusão,
Capitalismo me acha velho,
Preconceito que derrubo,
Quero oportunidade,
O resto eu assumo.
Filho digo tudo isso pra te dar exemplo,
Essa luta é injusta,
Brigo contra o tempo,
Mas se desistir,
Serei só lamento.
Filho escute o teu pai,
Ouça o coração,
Não troque o prazer,
Pela ilusão,
A terra da fruto,
E o asfalto não.