Um povo na janela
Não sou a coragem dos meus versos.
Mas, quando escrevo...
Eu me liberto!
Penso nisso sempre mais...
Vou à esquina.
Arrebento o meu chinelo.
Conluio com as minhas mentiras.
Dissimulo meus medos com segredos.
Nega, não podemos nos casar.
O meu cartão só anda de greve.
Ontem, clonaram o meu CPF.
Não é tão fácil te enganar!
Não sei pra que tanto bolso?
Só ganho osso; escorrego, não nego!
Até ontem, eu era um moço.
"Descolava" algumas moedas para um almoço.
Nunca aprovaram o meu cadastro.
Ainda assim, dou os meus pulos.
Quem é que vai desatar o meu cadarço?
Deus! Não sei mais o eu que faço!
Juro!
Me ofertaram uma terra no céu.
E eu só quero é relaxar!
Alguém me paga uma cerveja.
Como anda chata a minha nega!
Prometeu o meu carrinho pra igreja.
Já entregou até a nossa TV.
Como pode ser?
Pai, não me condenem a esse inferno!
Tô precisando de um "cantinho".
Falo contigo, nem preciso de um terno.
Levanto cedo, ligo o meu carro.
Farol queimado, vou ganhando a estrada...
Mais uma vez, fusca estragado!
O que mais pode dar errado?
Brasil,
por que você sumiu?
Quem te vê,
quem não te viu?
Brasil,
por que você sumiu?
Quem te vê,
quem não te viu?
Vejo a classe média batendo panelas nos prédios.
As suas empregadas tão ariadas no Bombril.
Eu sou apenas um ser "sem eira nem beira".
Quem dera fosse uma estrela nessa bandeira!
Pela Marquês desfila o nosso "paquiderme".
É um deus brilhante em contornos de elefante.
Vai orgulhoso a passos de formiga...
Alguém me diga, qual o remédio?
Parece que nos trópicos só queimam os desiguais.
Acorda, gigante, não quero mais!
Todo poeta é um Cazuza,
eu também sou um moleque.
Brasil, toma juízo, não breque,
não me negue!
Da poesia, os meus versos se lambuzam.
Quero cantar para toda a periferia marginal.
A arte é viva, é muito mais que esse banal!
Vida louca,
vida.
Vida breve!
Terra extensa!
Já que você não pode me amar,
quero que você me erre.
Erre erre erre erre !...
Vida louca,
vida.
Vidas em greve!
Leve leve leve leve!...
Já que você não pode nos amar,
quero que você também nos erre.
Erre erre erre erre !...
Leve leve leve leve!...
Brasil,
uma pátria sem chuteiras.
Os teus canarinhos querem aprender a voar.
Essa poeira jogada nos olhos nos põe a cegar.
Ainda que não nos faça um lar,
continuaremos aqui:
A te amar!
A te amar!
A te amar!
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Autoria: ChicosBandRabiscando
Algumas considerações, escrevi essa letra influenciado por
Cazuza que literalmente "incorporou a letra"(Vida louca vida)
Ouvindo, pintou a ideia de criar a letra(Um povo na janela).
(Vida Louca Vida) até onde conheço, começou a fazer sucesso
pela parceria de seu autor(Bernardo Vilhena) e o cantor Lobão.