Matinta

Vem das matas da Amazônia

A fera que voa na escuridão

Seu assobio estridente espalha agouro e assombração

A ventania de suas asas sopra a floresta e varre o chão

Pavor, arrepio, corpos que tremem

Ao ver a fera em transformação

Janelas se fecham, luzes se apagam

Oferendas e rezas para a proteção

É preciso escapar

Leve o tabaco, mas poupe minha vida

Sussurram caboclos em superstição

É preciso escapar!

Quem será?

Quem será?

A velha malvada engerada em Matinta

Quem será?

Quem será?

A cabocla que foi condenada pela maldição

Matinta Perê, Matinta Perê

Matinta Perera lendária, medonha

Matinta Perê, Matinta Perê

Velha feiticeira, visagem que voa

Matinta Perê, Matinta Perê

Matinta Perera lendária, medonha

Matinta Perê, Matinta Perê

Rapina de almas com as garras atrás de você

O medo domina o imaginário

Quando a rasga-mortalha canta na cumeeira

Mas é preciso enfrentar o pavor

E aprisionar a Matinta sorrateira

Enterra a tesoura

O terço e a chave

Por onde a Matinta

Costuma passar

Assim ensinou

O velho curandeiro

A fé e a coragem

Vão nos libertar.

Boi Garantido
Enviado por Conde Diego O Poeta em 03/03/2021
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