Amando e amando.

Me sinto sozinho...

E tão sem endereço.

Sou só empregado...

Desses de baixo preço.

Quem eu sonhei que era...

Quem eu pensei que fui.

Tudo o que eu queria...

Tudo o que eu já fui.

Agora o toque é triste...

Igual gente cansada.

Quem oferece pouco...

Que não dá quase nada.

E pra onde me esconder...

Pra onde eu iria ?

Tanto melhor morrer...

Quando será meu dia ?

Eu já fui abraçado....

Já fui até desejo.

Mais um desajeitado...

Que o ouro era beijo.

Agora quem me olha...

A sombra vai primeiro.

Sou velho conhecido...

Um raro verdadeiro.

Ainda mesmo o sangue...

Quando me vê se esconde.

E finge que me ama...

Se chamo não responde.

Só riso de ironia...

Debocha o desgraçado.

Vergonha quem diria...

Parente desgarrado.

Me gritam que empurre...

Tá quase estourando.

Caindo com os arreios...

Carinho implorando.

De muitos que me olham...

Ainda vêem pavão !

Mais logo reconhece...

Sou só um velho peão.

Com medo da sarjeta...

Não deixo de falar.

Conheço a verdade...

Mentira não vai dar.

Me apertam a ferida...

E Deus tá me olhando.

Eu vou morrer sozinho...

Amando e amando.

Onofrio
Enviado por Onofrio em 23/12/2020
Código do texto: T7142045
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