Amando e amando.
Me sinto sozinho...
E tão sem endereço.
Sou só empregado...
Desses de baixo preço.
Quem eu sonhei que era...
Quem eu pensei que fui.
Tudo o que eu queria...
Tudo o que eu já fui.
Agora o toque é triste...
Igual gente cansada.
Quem oferece pouco...
Que não dá quase nada.
E pra onde me esconder...
Pra onde eu iria ?
Tanto melhor morrer...
Quando será meu dia ?
Eu já fui abraçado....
Já fui até desejo.
Mais um desajeitado...
Que o ouro era beijo.
Agora quem me olha...
A sombra vai primeiro.
Sou velho conhecido...
Um raro verdadeiro.
Ainda mesmo o sangue...
Quando me vê se esconde.
E finge que me ama...
Se chamo não responde.
Só riso de ironia...
Debocha o desgraçado.
Vergonha quem diria...
Parente desgarrado.
Me gritam que empurre...
Tá quase estourando.
Caindo com os arreios...
Carinho implorando.
De muitos que me olham...
Ainda vêem pavão !
Mais logo reconhece...
Sou só um velho peão.
Com medo da sarjeta...
Não deixo de falar.
Conheço a verdade...
Mentira não vai dar.
Me apertam a ferida...
E Deus tá me olhando.
Eu vou morrer sozinho...
Amando e amando.