Devaneio
Tudo não passa
De um mero devaneio
De uma mente extasiada
Com o próprio pensamento
Frívolo é o tempo
Escasso improferível
E eu tento me adaptar
A esse tal de conformismo
Insanidade insaciável
É a embriaguez do ébrio
Crepúsculo lusco-fusco
Criado com muito esmero
Inconstante insensato
Um malandro imprestável
Idéias vagas ecoam
Na mente de um lunático
Psique psiquismo
Psíquico psicodélico
Insigne desvelo
Que não é levado a sério
O sarcástico anarquista
Estorvo do capitalismo
Chega a ser irritante
Como o tilintar de um guizo
Estático correndo
Nu com a mão no bolso
Tem a cabeça raspada
Veja seus cabelos longos
A taverna dos meus sonhos
O ápice do meu autismo
Tem um acervo de idéias
Que distorcem o realismo
Pensamentos nada dizem
São restritos a você
Mas quando torna-se público
Poucos vão entender
Censuradores hipócritas
Os que julgam sem saber
Ambíguos por natureza
Aqueles que em nada crê
Mas tem uns que se convencem
De que quase tudo sabem
Sabem esses muito menos
Dos que sabem que pouco sabem
Me dá ânsia de pensar
Nessas pobres almas que vagam
Sem propósito na vida
Que vendem-se por uns trocados
E quando o sol tocar
As flores do seu jardim
Saberá que é um quiproquó
A vida de um arlequim
E a Colombina e Pierrot
Um eterno platonismo
Ele chora seu amor
Por tantas vezes iludido
A nostalgia de um sarau
É como uma sinfonia
Que ele nos proporciona
Com suaves melodias
E minhas rimas lá se vão
Estão elas chegando ao fim
Por isso vou encerrar
Esse papo de botequim
Mas quero deixar bem claro
O que essa música diz
Diz tudo aquilo que não disse
E o que disse mas não quis