ANDANDA’
ANDANDÁ Daltony Nóbrega e Eugenio Malta
Andandá! Andandá! Andandá! Andandá!
A corrente prende o corpo, puxa a gente,
e esse peso da corrente fere os pés e risca o chão.
Todos juntos somos uma centopeia,
e você nem faz ideia do que era a escravidão.
Andandá! Andandá!
Faz silêncio, pois o tempo está passando.
Nossa gente vai andando e nem liga mais pra morte,
pois a Morte, fica só ali à espera.
No meu pé, é essa esfera que decide a minha sorte.
Andandá! Andandá!
E faz frio, muito frio nesta noite,
mas, para esquecer o açoite, vou ao rio para cantar.
Acendo o fogo e toda a minha gente canta.
Só assim se desencanta da tristeza do lugar.
Andandá! Andandá!
A gente toca, dança e bate muita palma
para esquecer a dor na alma e a alegria que sumiu.
A gente canta porque só nos resta o canto.
O poder do branco é tanto...Nem Palmares resistiu
Andandá! Andandá!
Os deuses dormem, ninguém lembra nossa história.
Quem guardava na memória não sobrou para contar,
porém agora não exponho mais o flanco.
Hoje eu digo: — Homem branco, é tua hora de andandá...
Andandá! Andandá!