ANDANDA’

ANDANDÁ Daltony Nóbrega e Eugenio Malta

Andandá! Andandá! Andandá! Andandá!

A corrente prende o corpo, puxa a gente,

e esse peso da corrente fere os pés e risca o chão.

Todos juntos somos uma centopeia,

e você nem faz ideia do que era a escravidão.

Andandá! Andandá!

Faz silêncio, pois o tempo está passando.

Nossa gente vai andando e nem liga mais pra morte,

pois a Morte, fica só ali à espera.

No meu pé, é essa esfera que decide a minha sorte.

Andandá! Andandá!

E faz frio, muito frio nesta noite,

mas, para esquecer o açoite, vou ao rio para cantar.

Acendo o fogo e toda a minha gente canta.

Só assim se desencanta da tristeza do lugar.

Andandá! Andandá!

A gente toca, dança e bate muita palma

para esquecer a dor na alma e a alegria que sumiu.

A gente canta porque só nos resta o canto.

O poder do branco é tanto...Nem Palmares resistiu

Andandá! Andandá!

Os deuses dormem, ninguém lembra nossa história.

Quem guardava na memória não sobrou para contar,

porém agora não exponho mais o flanco.

Hoje eu digo: — Homem branco, é tua hora de andandá...

Andandá! Andandá!

Eugenio Malta
Enviado por Eugenio Malta em 30/10/2020
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