Cor de Vinho
Era uma vez uma menina artista
Que carregava consigo
Uma caixa com as cores mais lindas
Porém com medo de as estragar
Essa caixa ela não abria
Usava apenas o tom mais leve
Cor pálida de simpatia
Por experiência passada
Com gente desastrada
Não deixava ninguém
Sequer tocar em sua caixa
Se ainda assim viesse um intrometido
Era afugentado com um tiro
De bala verbal
Mirado na moral
De raspão
Nunca para matar
Apenas afastar
Do que não era de sua conta
Era uma vez um menino cabeça de vento
Elogio chamar-lhe desatento
Que entendia menos de pessoas
Do que como a massa distorce o tempo
Que achava que ser pleno
Tinha a ver
Com ser só
Por experiência passada
Com o medo que lhe causava
Deixava sempre o pé atrás
No que dos outros se tratava
Se ainda assim alguém prosperasse
Pois humano é como pulga
Ele tinha bem rabiscado
Seu plano de fuga
Uma cabana no Alaska
Uma piada sem graça
Uma fantasia abstrata
Como que um sonho sem cor
Plot twist para ninguém
O choque inicial era claro
Mas esse chocolate meio-amargo
Não seria cuspido assim tão fácil
Claro que ele não iria
Deixar a caixa em seu lugar
Ela, que não conhecia hesitação
Também não deixaria de atirar
Porém quem sabe dizer
Se ele não percebeu a intenção dos tiros
Ou se foi por algum outro motivo
Que ele teimou a tentar
Brigavam sempre
Por birra e por manha
Mas quem sabe o que se dá
Em terra estranha?
Quem entende o que acontece
Quando deveria acontecer?
De começo um inimigo em comum
Foi causador da ligação
Assim veio o dragão
Cujas longas asas
Se estendiam em 10 páginas
E seu enfrentamento de semanas
Teve que ser feito em horas
E uns diriam que foi fútil
Pois eu diria que foi a aurora
O ponto determinante
Que muda de rumo a história
Da batalha surgiu efeito inesperado
Talvez ainda ninguém via
Mas era compartilhado
Novo e mútuo
Forte e fúlgido
Algo ali
Daí se uniram
Para brigas menores
Ou quem sabe
Com objetivo outro
Até se unirem
Para procurar juntos
Uma boa desculpa
Para se unir de novo
Passa-se tempo
Crescem os laços
Às memorias os detalhes
Que não cabem a limitado espaço
Crescem raízes
Nas mentes revolução
Aquele sentimento
Que tentam capturar em canção
Eles derrubaram tinta
Sobre os planos de fugir
Ou qualquer receio de admitir
A verdade que havia ali
E os dois
Que temiam afundar
Deram-se as mãos
E mergulharam de cabeça
Os dois
Que temiam se sujar
Abriram a caixa
E brincaram de atirar cores
O o o
Me encanta seu jeito
De pintar o mundo