O Vento
Há tantas coisas que passaram em minha vida
Como palha seca no vento já se foram
Tantas questões sem respostas, tantas feridas
Há sempre verbos, sentimentos, carinhos e avenidas
São só palavras, conselhos, que ficaram na memória
Coisas que nunca vou voltar a ter de novo
São como cacto no meio da caatinga
E que eu sei que nunca serão vistas de novo
Há coisas que sufocam na garganta,
Nos faz perder o tempo de viver.
A nossa gente anda sempre sufocada,
E acabamos sempre com medo de ser
Aquilo que poderíamos ser de verdade
Sempre fomos o que não queríamos ser
Um abraço amigo sempre tão distante
O que falta para finalmente viver?
Há corpos encobertos com dinheiro
Como se a vida fosse sempre descartável
Há sempre uma ideia que nos desumaniza
Onde está a nossa amada liberdade?
Será que apenas em um discurso populista?
Será ainda em que num verso de uma poesia?
Será ainda que já se tornou uma utopia?
Precisamos viver de verdade
Sem as amarras de uma vida comprada
Há coisas que parecem que passaram
Que não são nada mais que coisas ultrapassadas
Tão passadas de um tempo tão distante
Que na verdade já estamos desacostumados
Mas na verdade elas não são passageiras
São realmente o que significa viver
Viver nos parece tão estranho
Será que só sabemos morrer?