Choro Entoado

Quando carreguei o andor de Maria Madalena

Era uma imagem pesada e toda ornamentada

Foi ai que me apaixonei por aquela pequena

Sem motivos e sem razões vivias uma vida de cão

Mais uma vez, mais uma desilusão

Quando adentrei a capela vi pouco pão a mesa

E o trabalho era pouco ali também

Senti fraqueza nas pernas e no coração

Eu mal me sustentava, como poderia sustentá-la?

Em pleno abandono, numa pior, me benzi e pedi aos céus

Perdi quase tudo como de costume

Nessa mesma noite dormi e acordei bem cedo

Antes mesmo do sol nascer

Pés descalços e sem camisa pelo quintal

Rosto ferido, parei do lado da mangueira e a torneira espanada não parava de pingar

Meu choro plagiou aquela goteira

Foi um choro entoado conforme um samba sincopado

Bailou toda a minha tristeza

Eu era o Mestre Sala do Unidos da Angústia rebaixado numa quarta-feira de cinzas

Ali era o meu fim

Só que não!

Ali o amor e a paixão provaram o meu dom divinal fortalecendo e me presenteando com poderes sobrenaturais

A magia que me envolvia vinha do céu

Alegria e o Sol me renderam pela manhã

Pairou no ar toda a minha dor e ali ficou como se fosse um aerossol

Força e Amor me tomaram intensamente

Ganhei um novo ser e a paz me ganhou

Serei eu um Rei num sonho Real?

Reencontro a velha arte dos meus antepassados

Reinvento um novo estandarte

Recomeço realizando o impossível

Ressuscitando o Maior dos meus ancestrais

"....."

Paulo Poba
Enviado por Paulo Poba em 03/09/2020
Reeditado em 03/09/2020
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