Choro Entoado
Quando carreguei o andor de Maria Madalena
Era uma imagem pesada e toda ornamentada
Foi ai que me apaixonei por aquela pequena
Sem motivos e sem razões vivias uma vida de cão
Mais uma vez, mais uma desilusão
Quando adentrei a capela vi pouco pão a mesa
E o trabalho era pouco ali também
Senti fraqueza nas pernas e no coração
Eu mal me sustentava, como poderia sustentá-la?
Em pleno abandono, numa pior, me benzi e pedi aos céus
Perdi quase tudo como de costume
Nessa mesma noite dormi e acordei bem cedo
Antes mesmo do sol nascer
Pés descalços e sem camisa pelo quintal
Rosto ferido, parei do lado da mangueira e a torneira espanada não parava de pingar
Meu choro plagiou aquela goteira
Foi um choro entoado conforme um samba sincopado
Bailou toda a minha tristeza
Eu era o Mestre Sala do Unidos da Angústia rebaixado numa quarta-feira de cinzas
Ali era o meu fim
Só que não!
Ali o amor e a paixão provaram o meu dom divinal fortalecendo e me presenteando com poderes sobrenaturais
A magia que me envolvia vinha do céu
Alegria e o Sol me renderam pela manhã
Pairou no ar toda a minha dor e ali ficou como se fosse um aerossol
Força e Amor me tomaram intensamente
Ganhei um novo ser e a paz me ganhou
Serei eu um Rei num sonho Real?
Reencontro a velha arte dos meus antepassados
Reinvento um novo estandarte
Recomeço realizando o impossível
Ressuscitando o Maior dos meus ancestrais
"....."