VELADA ESCRAVIDÃO
Só porque somos pretos
A coisa sempre é diferente
Sem emprego, e nos guetos
Para nós sobra o batente...
Temos que segurar as pontas
E o serviço sujo fazer
Enquanto eles surfam ondas
Temos que sobreviver...
Alforria para os pretos
Nunca foi libertação
O tronco ainda é o mesmo
É velada a escravidão...
Alimentamos os cavalos
Do patrão e da patroa
Preparamos a lavagem
Dos leitões e da leitoa...
Assim todos são felizes
Sorridentes e contentes
Vão vivendo suas vidas
Achando que somos diferentes...
Não é ledo engano,
O preto também é animal
Que igual ao branco,
No final, fede na horizontal.