Ponteiros

Trabalhadores das horas

Que nunca vão embora

Trabalham na eternidade

Ajeitando os ponteiros

De quem vai primeiro

De quem fica mais tempo.

Eles te despertam

Te levam pro trabalho

E pro jogo de baralho

Em que eles dão as cartas

Manipulam suas horas

De chegar e ir embora.

Avisam a hora de comer

De dormir e de morrer

Guardam os segredos

Da noite e do dia

Da dispensa cheia

Da dispensa vazia

Do tíquete da vida

Que ganhamos só um

O relógio é só um

Pra cada um.

Eles dão voltas em círculo

Mas deixam frestas pequenas

De um ponteiro para outro

Pra você fugir correndo

Algo novo, rompimento

Mas é só na cochilada

Dos meninos dos ponteiros

Mas é só na distração

Dos meninos dos ponteiros.

Avisam a hora de comer

De dormir e de morrer

Guardam os segredos

Da noite e do dia

Da dispensa cheia

Da dispensa vazia

Do tíquete da vida

Que ganhamos só um

O relógio é só um

Pra cada um.