Tapete da sala
Não posso mais
Viver assim
Sendo só um espelho
Do que você
Deseja em mim
Me olho e não me vejo.
Não posso mais
Correr de mim...
Pois meus olhos
Me acusam,
Me interrogam,
Me condenam,
De dia quando acordo
Ou de noite quando
Eu não consigo dormir
Perseguida pelos fantasmas
Que escondi
Debaixo do tapete
Da sala...
Na estante há lembranças
E retratos de nós dois
Mil livros que nunca li,
Discos que deixo pra depois
Nas paredes as cortinas
Fazem da minha sala um palco
Onde enceno essa tragédia,
Peça de um único ato.
Na parede oposta um homem
Olha tudo isso passivo
Os braços abertos dizem
Que eu não preciso disso.
Vejo os quadros nas paredes
E a imagem então fala
Que não sabe o que há
Sob o tapete da sala,
E aos prantos eu sussurro
Que lá há apenas eu...
No tapete da sala...
Apenas eu...
Não vou mais correr de mim...
Dara le Fay, 06/05