História triste de uma praieira




Era o meu Lindo jangadeiro de olhos da cor verde do mar
Também como ele traiçoeiro mentiu-me tanto o seu olhar
Ele levava o dia inteiro longe das águas a pescar
E eu intranqüila ao seu veleiro lá no horizonte a procurar
Mas quando a tarde escurecia e o sino ponha-se a tocar
A badalar da ave Maria vinha uma vela sobre o mar
Era o meu lindo jangadeiro no seu veleiro a regressar
E a praia o seu olhar , primeiro buscava ansioso o meu olhar
Quanto ditosa me sentia,passava os dias a cantar
Saber que em breve escurecia a hora feliz do seu voltar
Mas há na vida sempre um dia, dia há de um sonho se acabar
Cheguei-me veio que não via,o seu veleiro regressar
Não mais voltou o seu veleiro, não o vi por sobre o mar
Aquele olhar lindo e traiçoeiro, não buscou mais o meu olhar
Mas numa tarde alvissareiro, o sino ouvi a replicar
Era o um lindo jangadeiro, que ia com outra se casar.


Linda composição de Stefana de Macedo
Biografia de Stefana de Macedo
Stefana de Macedo (Stefana de Moura Macedo) - 29/1/1903, Recife, PE - 1/9/1975, Rio de Janeiro, RJ -foi uma das principais cantoras-pesquisadoras brasileiras, a quem nossa memória folclórica muito deve. Incluiu 43 músicas de características regionais nos seus 22 discos gravados. São cocos, toadas pernambucanas, cateretês, maracatus, corta-jacas, baiões, canções do Amazonas, tanto de domínio público (muitas vezes com adaptações suas) quanto de autores conhecidos, numa época em que só os homens atuavam nesse setor, abrindo caminho para artistas que vieram depois, como Dilu Melo, Inezita Barroso e Ely Camargo. Quando tinha nove anos de idade, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde estudou no Colégio R. William e teve aulas de violão com Patrício Teixeira e Rogério Guimarães, logo começando a cantar e tocar em festas familiares. Em 1926 apresentou-se ao violão no Cassino do Copacabana Palace, quando esse instrumento ainda estava restrito à então chamada malandragem. No ano seguinte, apresentou-se no I.N.M., no Rio de Janeiro, e no Teatro Municipal, de São Paulo. Em 1928 estreou em disco interpretando pela Odeon as canções:" Tenho uma raiva de vancê" e "Sussuarana", ambas de Luiz Peixoto e Hekel Tavares. Sussuarana obteve grande sucesso, embora tivesse sido gravada pouco antes por Gastão Formenti. No mesmo ano, gravou de Catulo da Paixão Cearense o samba Leonor e de Hekel Tavares e Joraci Camargo, a canção Lua cheia. Em 1929 apresentou-se no Teatro Municipal, de São Paulo e gravou pela Columbia o samba-choro Bambalelê, a canção Stela, os corta-jaca A mulher e o trem e O homem e o relógio, o cateretê Bicho caxinguelê, a toada Saia do sereno, o batuque Dança do Quilombo dos Palmares, talvez a música brasileira mais antiga conhecida, com a primeira gravação de um batuque com batida na caixa do violão, executada por ela, e a canção História triste de uma praieira seu maior sucesso, todos de motivo popular, com arranjos de sua autoria. No mesmo ano, gravou de João Pernambuco os cocos Tiá de Junqueira e Biro biro iaiá e as toadas Siricóia e Vancê, esta última em parceria com E. Tourinho. Em 1930 gravou pela Colúmbia o batuque Mãe Maria Camundá de sua autoria e o baião Estrela D'Alva de João Pernambuco. No mesmo ano gravou a toada Como se dobra o sino, de motivo popular com arranjos de sua autoria. Também fez arranjos de outros motivos populares, entre os quais o coco O-le-lê Tamandaré e a canção Rede do Ceará. Gravou diversas composições de João Pernambuco, entre as quais Manacá dos gerais, de parceria de João e E. Tourinho. Gravou diversas composições de Amélia Brandão Nery, entre as quais a cantiga Casa de farinha e a canção Nos cafundó do coração. Ainda em 1930 gravou do compositor pernambucano Raul Moraes o coco Lenhadô. Em 1931 cantou no filme Coisas nossas, de Alberto Byington. Em 1933 gravou de sua autoria, o maracatu Dois de oro e a canção Sodade véia. Em 1935 deu dois recitais no Teatro Colón, de Buenos Aires, Argentina; no primeiro, com a presença do mundo oficial da Argentina e do Brasil, executou na primeira parte suas canções ao violão e, na segunda, com Heitor Villa-Lobos ao piano, músicas do compositor. Em 1939 regravou a canção História triste de uma praieira, com arranjos de sua autoria e versos de Adelmar Tavares. Em 1942 gravou a canção Rede do Ceará, de motivo popular e arranjos de sua autoria. Em fins dos anos 1950, a cantora Ely Camargo gravou de sua autoria e Aldemar Tavares, História triste de uma Praieira. A partir dos anos 1950 só se apresentava em raros recitais, consolidando, contudo, uma aura de elegância e sofisticação, sempre saudada por intelectuais, críticos e até músicos eruditos. Em 1968 gravou histórico depoimento para a posteridade no Museu da Imagem e do Som. Passou seus últimos anos de vida na cidade de Volta Redonda, sempre esquecida pela chamada grande "mídia".


Musica que marcou minha vida ,minha mamãe a cantava com a alma
Não sei explicar se um dia ela amou algum jangadeiro .Sei que amo ouvir para recordar de minha rainha.





 
Stefana de Macedo
Enviado por Lindalva Borba em 29/05/2020
Código do texto: T6961693
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