Rapha Marcelino - Levitar (Parte III)

Tenho amor, sem pavor, queimo a dor na palma inteira

Vem vapor, sei da cor, nem transpôs a sauna alheia

Mãe da flor veio p’a pôr cem na conta e dar uma abelha

Tentador, tem sabor, bem calhou p’ra almas feitas

Mas eu estudo relações p’ra ver tudo o que lá ponho

Acentuo que não pões a centro o que te transpõe

Basicamente eu vou, praticamente avô, rápida a lente a pôr, p’ra aqui lamento amor

Já crio à mente a dor, cá vi na gente o coro, há, sim semente e dou, parvo e p’ra sempre o sou

Sinto a preguiça d’ oro na caixa q’eu nunca abri

Já nem cobiço amor na faixa da luta, enfim

Já não tenho a alma intacta, karma veio na calma exata

Jaula tem uma aula ingrata cá p’ra o meio da palma inapta

Já esse drama caía porque faz tudo com sentença

Mas essa tabacaria não me traz fumo p’rá cabeça

E tem tanta quantia que refaz muros d’ influência

Leva a lama tão fria e se dá mundo, já compensa

É fino o fio de facto, aflito, eu fico farto

Conflito e frio de faro, sem filtro ou fixe Fado

Sou figo, o filho fraco do filme afim de fátuo

De Ofir p’a fino frade afirmo o firme fraque

Macarena, ganda cena e ando à mesma em caça ao certo

Mas a ver a labareda os estratagemas cá são zero

Plana berma p’a ‘ma lenda das da gema e classe a sério

Mãe c’a prenda anda atenta e aparecendo em casa acerto

Hoje perdes tempo no divã do fosso d’ água

Faz se queres mesmo, amanhã não ouço nada

A dor q’eu amei sempre, andor, q’eu andei cedo

Amor q’eu jantei, sente, da flor q’eu chamei centro

Tenho exaustão de tudo, sem peso ao chão que subo

Nem vês mal tão seguro em seres balcão defunto

Resolve a tabuada tabelada e nunca vista

Devolve o sangue, larga, mano, ladra em fuga à pista

Quero dormir na lomba, bué de fugir da montra

Perto do fim c’as outras é que me uni nas sombras

Mas eu passo bem, sigo rota, e não paro

Prazer vai-se cheio, vinte sobras d’ ir tão caro

Pa pim, pa pim, pum, tá fixe p’a mim escuro

Amigos aqui surdos, paninho, já limpo tudo

A ir nas virtudes e ando isto, assim durmo

Cachimbo afim puro e anjinho da tribo, juro

Rapha Marcelino
Enviado por Rapha Marcelino em 26/05/2020
Reeditado em 26/05/2020
Código do texto: T6958769
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