Nepalm

É difícil fazer as coisas acontecerem.

É complicado para um ser comum.

Afaste de mim esta lente.

Não tente me dar um "zoom".

Porque a sociedade esta doente.

Caqueticamente decadente.

Queria não expor minhas tristezas.

No mundo sintético não há beleza.

Não foque o meu rosto de frente.

Meu único "dólar" foi rasgado.

E o meu bolso foi roubado.

Matar o leão é ganhar o pão.

É o que chamam de trabalho.

Às vezes nos tratam como gado.

Nasci do lado de lá, senhor.

Não visto a beca dos "civilizados".

Gado bom não se revolta,

nem precisa fechar a porta.

Há tantos cegos no castelo.

Uma salva de tiros aos idiotas.

Tem certos tipos que não venero.

O passado esta "sempre novo".

"Gado bom é o Zé do povo".

É sempre assim, senhor.

O poder tem muitos tentáculos.

No tabuleiro eles movem as peças.

A Matriz é um rolo-compressor.

E quanto a nós?

Não interessa!

A grande máquina tem presa.

Somos os pedaços de carne.

Triturados a sonhos e ossos.

O que vale uma vida?

Pergunte aos meus olhos.

Às vezes penso demais,

fico à beira do cais.

Porque a música é lenta...

É lenta...

Por mais que você tenta.

Nada disso alenta.

Porque a música é lenta...

É lenta...

Por mais que você tenta...

Nenhum futuro alenta.

Ninguém me convence,

desta falta de decência.

Terra em transe,

Estado e violência.

O mundo ficou pequeno!

Todo crime compensa.

Na política, na guerra.

No bem contra o mal.

O que mais nos espera?

Não raiou a liberdade.

Batidas policiais.

Batidas de panelas.

A ignorância dos bossais.

A floresta e os canibais.

Uma cadeira presidencial.

Pobres filhos de Cabral,

nada de novo nos jornais

Porque a música é lenta...

É lenta...

Por mais que você tenta.

Nada disso alenta.

Porque a música é lenta...

É lenta...

Por mais que você tenta...

Nenhum futuro alenta.

A ganância dos mais altos.

Tomam tudo de assalto!

A fé comendo as ovelhas,

os pregadores de puteiro,

fazem tudo por dinheiro!

Sangue, suor e vidas,

não vejo saída?

Mas o filho do homem tinha sede;

ainda tem fome, um nome!

Pela cruz morreu primeiro.

Fica faltando um enredo.

Deus, o porquê deste medo!

Mais um pombo caiu,

medalhas no peito.

Erro grotesco!

Ninguém assumiu.

Onde está o meu país que sumiu?

Porque a música é lenta...

É lenta...

Por mais que você tenta.

Nada disso alenta.

Porque a música é lenta...

É lenta...

Por mais que você tenta...

Nenhum futuro alenta.

Um dia tudo isso se arrebenta.

Autor: (ChicosBandRabiscando)

ChicosBandRabiscando
Enviado por ChicosBandRabiscando em 24/05/2020
Reeditado em 24/05/2020
Código do texto: T6956550
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