Sinfonia da Balbúrdia
Sentado no meu mundo sem ninguém pra me escutar
Sem nada pra fazer ou motivos pra pensar
O tédio me ensurdece, me entristece, me esvai
A vida passa em ponteiros e lá fora o tempo cai
O que me resta nessa noite? A bebida já não está
Sem cachaça ou feijoada ou nada pra cantar
As letras ficam soltas sem razão para escrever
Um delírio, uma pergunta, uma dança de ballet
Ouço ruídos e não vozes
Ouço as teclas a soar
Sinfonia da balbúrdia
E o silêncio do amanhecer
Meus dedos correm rápidos como o som de um violão
Notas perdidas no espaço mas nunca tocadas em vão
O poder em minha pele, a adrenalina em meu ser
Morremos porque vivemos ou trabalhamos pra morrer?
Nada me consola, nem a dor ou o prazer
Luzes na cidade, flores, uma cruz em minha tv
Não creio mais no Flávio ou nos livros da estante
Paro atrás de manequins e espero que a fila ande
Ouço ruídos novamente
Ouço as portas a ranger
Sinfonia da balbúrdia
E o silêncio do amanhecer