O BÊBADO E O EQUILIBRISTA
Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos
A lua, tal qual a dona de um bordel
Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel
E nuvens, lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas, que sufoco
Louco, o bêbado com chapéu-côco
Fazia irreverências mil pra noite do Brasil, meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu num rabo-de-foguete
Chora a nossa pátria, mãe gentil
Choram Marias e Clarices no solo do Brasil
Mas sei, que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente, a esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha pode se machucar
Azar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista tem que continuar
Compositores Aldir Blanc & João Bosco
Obs: esta musica tonou-se hino da anistia que viria a permitir o retorno de muitos asilados que foram na época obrigados a deixarem o país para não morrerem nas mãos de ditadores assassinos tão idolatrados por este senhor que hoje ocupa o cargo de inquilino provisório do palácio do planalto, simplesmente por se oporem e não os reconhecerem como legítimo um governo os golpistas entre 1964 e 1985; Grato Aldir Blanc por todo legado que nos deixa descanse em paz nobre mestre das letras.