Armadura Sexual

Sinto se eu não tenho mais a idade rara de menino

Se as minhas lágrimas desfazem o contraste e o sentido,

Inflamando a estranheza do meu ser tão volitivo

Nesta imagem, onde o contexto contraria seus motivos,

Sei que vou traindo aos poucos o teu sorriso,

Provando uma força que vai sempre contra o destino

Eu sinto se os meus braços finos te parecem tão pouco masculinos

E se então meu coração não é um coração maduro e tranquilo

Fazendo das tuas noites uma metamorfose entre meu isto e teu aquilo

Perdoa se eu não tenho a garroa forte pra cruzar o Atlântico

Nem o escudo dourado para enfrentar seres titânicos

Assim, afundei o barco nos meus mares de vermelho anímico

Perdoa não poder dizer o quanto eu te amo

Porque, senão, até, eu soaria meio bobo

Mas pra mim o que é bobo

É ficar aqui em desgosto, calado e calejado,

Acusado de monstro

A minha sensibilidade é um aríete frente a esta estupa,

Que vai me arrebentando contra as muralhas da minha culpa

Em minha voz de passarinho apertada nesta roupa

Ouvirás a faca que corta os rostos desta casa noturna

Arquitetada sob a forma das palavras tuas,

Fortificadas em superficiais intenções recíprocas

Então, meu sexo é uma espécie de armadura?

Que aos poucos vai me protegendo de tudo

E me carregando à loucura

Desculpa por ter de dizer como eu me sinto

Desculpa inda crer que sou menino

H Reis
Enviado por H Reis em 30/04/2020
Reeditado em 05/05/2020
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