Armadura Sexual
Sinto se eu não tenho mais a idade rara de menino
Se as minhas lágrimas desfazem o contraste e o sentido,
Inflamando a estranheza do meu ser tão volitivo
Nesta imagem, onde o contexto contraria seus motivos,
Sei que vou traindo aos poucos o teu sorriso,
Provando uma força que vai sempre contra o destino
Eu sinto se os meus braços finos te parecem tão pouco masculinos
E se então meu coração não é um coração maduro e tranquilo
Fazendo das tuas noites uma metamorfose entre meu isto e teu aquilo
Perdoa se eu não tenho a garroa forte pra cruzar o Atlântico
Nem o escudo dourado para enfrentar seres titânicos
Assim, afundei o barco nos meus mares de vermelho anímico
Perdoa não poder dizer o quanto eu te amo
Porque, senão, até, eu soaria meio bobo
Mas pra mim o que é bobo
É ficar aqui em desgosto, calado e calejado,
Acusado de monstro
A minha sensibilidade é um aríete frente a esta estupa,
Que vai me arrebentando contra as muralhas da minha culpa
Em minha voz de passarinho apertada nesta roupa
Ouvirás a faca que corta os rostos desta casa noturna
Arquitetada sob a forma das palavras tuas,
Fortificadas em superficiais intenções recíprocas
Então, meu sexo é uma espécie de armadura?
Que aos poucos vai me protegendo de tudo
E me carregando à loucura
Desculpa por ter de dizer como eu me sinto
Desculpa inda crer que sou menino