Uísque e Pó de Giz
Eu tenho quase que a certeza,
Mas ainda há uísque sobre a mesa,
Lavando os naipes do meu baralho
Da água salgada que não guardo
Faço meu paletó de fortaleza
E vou pro trabalho,
Fino, qual uso de atalho
Pra fingir que não perdi minha nobreza
Não rias, não faz tanto assim
Fui vilão neste mundo,
Além de vagabundo,
Mas é que tudo chega ao fim
Eu trocava o meu blues sujo
Pela loucura de sonhar com o futuro
"Mas deixa de tanto pantim, meu filho,
Repetia a mãe pra mim
Eu tinha o peito em motim
E pó de giz no meu nariz
Hoje, estou mais caro
Com meu uísque fora do armário
Ou é mentira ou brincadeira
Faz um ano que passou
E estou sentado nesta cadeira
Perguntando se algo verdadeiramente mudou
Poderia arrancar o punhal desta ferida fatal
Mas aí, Deus me livre, se eu sujo o meu quintal
Está ficando velha a chave na porta
Torta, que ninguém a deu alento
Isto faz tanto tempo,
Mas tanto tempo,
Que por dentro
Ora, para abrir, ela fica incerta
Eu juro
Eu tinha o peito em motim
E pó de giz no meu nariz
Hoje, estou mais caro
Com meu uísque fora do armário