Uísque e Pó de Giz

Eu tenho quase que a certeza,

Mas ainda há uísque sobre a mesa,

Lavando os naipes do meu baralho

Da água salgada que não guardo

Faço meu paletó de fortaleza

E vou pro trabalho,

Fino, qual uso de atalho

Pra fingir que não perdi minha nobreza

Não rias, não faz tanto assim

Fui vilão neste mundo,

Além de vagabundo,

Mas é que tudo chega ao fim

Eu trocava o meu blues sujo

Pela loucura de sonhar com o futuro

"Mas deixa de tanto pantim, meu filho,

Repetia a mãe pra mim

Eu tinha o peito em motim

E pó de giz no meu nariz

Hoje, estou mais caro

Com meu uísque fora do armário

Ou é mentira ou brincadeira

Faz um ano que passou

E estou sentado nesta cadeira

Perguntando se algo verdadeiramente mudou

Poderia arrancar o punhal desta ferida fatal

Mas aí, Deus me livre, se eu sujo o meu quintal

Está ficando velha a chave na porta

Torta, que ninguém a deu alento

Isto faz tanto tempo,

Mas tanto tempo,

Que por dentro

Ora, para abrir, ela fica incerta

Eu juro

Eu tinha o peito em motim

E pó de giz no meu nariz

Hoje, estou mais caro

Com meu uísque fora do armário

H Reis
Enviado por H Reis em 16/04/2020
Reeditado em 16/04/2020
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