INDECISÃO
O que é que eu faço cá, nesta cidade,
pois minha vontade é voltar pro interior
onde a vida corre sem velocidade,
Lá não tem carro na rua,
arranha-céu e elevador.
Aqui o dia a dia é um grande suplício
eu faço sacrifício pra sobreviver.
Não me acostumo com esse corre-corre,
aqui a gente morre pensando em viver.
Não me acostumo com esse corre-corre,
aqui a gente morre pensando em viver.
De manhã o elevador vomitando gente
e a entrada do metrô gente a engolir.
O verde sinalizador marca indiferente
o momento de parar e o de seguir...
A noite chega e me encontra cansado,
preciso correr pra não me atrasar.
Pego o elevador que está sempre lotado
e que logo me leva ao primeiro andar.
Saio na rua com medo de assalto.
vejo sangue no asfalto, marca de acidente,
e tenho vontade de gritar bem alto
que a vida lá na roça é tão diferente.
Tenho vontade de gritar bem alto
que a vida lá na roça é tão diferente.
Sem entrada de metrô engolindo gente,
sem elevador gente a vomitar.
Sem esse corre-corre em busca do batente
onde a gente lentamente morre sem notar.
Então me dá uma vontade enorme
de deixar esta cidade e voltar pro interior
pra viver a vida mansa: acorda, come e dorme
sem neurose, correria, arranha-céu e elevador.
Mas nesta cidade algo me fascina
e isso me domina e eu não posso voltar.
O peito pede que eu volte correndo
mas a minha mente me manda ficar.
O peito pede que eu volte correndo
Mas a minha mente me manda ficar.
O peito pede que eu volte correndo
mas a minha mente me manda ficar
Pra entrada do metrô vomitando gente
e o elevador gente a engolir.
Pra esse corre-corre em busca do batente
Pra esse morre-morre quase sem sentir.
(Esse texto foi musicado por Emilio Carlos Nonato da Silva, o PIUCA, meu parceiro falecido em 2002)