Manoel Margarido
Não posso mais ser refém
E pedir perdão por viver só
Com o que lhe convém
E te esperar aqui
Com o que restou de mim
Será tão justo assim
Eu ter que me esconder?
E esse silêncio que corrói mais que o mar
Não me ajuda a esquecer
Que eu não entendo como acha tão fácil
Quase não se lembrar
De tudo o que eu fiz por você
Até me deixar
Não pode me ouvir
Gritar o que sempre quis lhe dizer
Nas palavras que engulo ou não
E fazem parte do que me tornei
(E o que me tornei?)
Eu não aguento mais
Esperar mais um fim
E eu te peço por favor que caminhe um pouco mais devagar
Pois não consigo acompanhar tantas mudanças
Sem me preparar
Pros rituais antropofágicos que alimentam o meu coração