Manoel Margarido

Não posso mais ser refém

E pedir perdão por viver só

Com o que lhe convém

E te esperar aqui

Com o que restou de mim

Será tão justo assim

Eu ter que me esconder?

E esse silêncio que corrói mais que o mar

Não me ajuda a esquecer

Que eu não entendo como acha tão fácil

Quase não se lembrar

De tudo o que eu fiz por você

Até me deixar

Não pode me ouvir

Gritar o que sempre quis lhe dizer

Nas palavras que engulo ou não

E fazem parte do que me tornei

(E o que me tornei?)

Eu não aguento mais

Esperar mais um fim

E eu te peço por favor que caminhe um pouco mais devagar

Pois não consigo acompanhar tantas mudanças

Sem me preparar

Pros rituais antropofágicos que alimentam o meu coração

Lucas André Almendra
Enviado por Lucas André Almendra em 13/02/2020
Código do texto: T6865340
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