Chegada

Vem chegando o trem do tempo,

Senhor Brilhante de Cinzento,

Eu o vi passar

Pela janela, torre e sentinela,

Em um só momento,

A tudo abrenunciar

Em minhas bagagens,

Pus as minhas saudades,

Juntas, as minhas bobagens

Onde estava com a cabeça?

Ei, Montanha, abra o ferimento,

Eis o unguento

Assim é o tempo

Não sei se perco a estação do agora

Mas sei que estou indo embora

E já não volto, não

Vem abrindo a porta

Que outrora eu fiz fechar

Eu fico indefeso, baby,

Feito um rebento

Chorando pra nascer

Chorando por chorar

Desfaça o asfalto, Ó, trem do tempo,

Seu vapor, seu vento

Eu os vi passar

Entre meus seios

Com o sol do momento

Debochando o meu jeito

E seus meninos finos

E seus talentos

De me fazer cansar

Os meus amores,

Todas as paixões,

E, meus senhores,

Todas as razões,

Se esvaem com o tempo

Vá, trem do tempo,

Desmancha o meu cabelo

Em um branco novelo

Traga o passageiro

De inerente cinzela

Herdando a forma paterna

É que vem chegando o trem do tempo

Passou janeiro

Deixa-o passar

H Reis
Enviado por H Reis em 02/02/2020
Reeditado em 25/02/2020
Código do texto: T6856641
Classificação de conteúdo: seguro