Bebendo Água da Chuva

Sempre sonhei em ser um aristocrata, baby,

Vender meu jogo por ouro e prata

Numa câmara real

Ser detestado pelas praças,

Ter meu rosto servido às traças,

Escarnecido e odiado pelo poviléu

Eu que dei as costas,

Com as vísceras expostas,

Para ver ferido o Sol

Ora choro ao ter o resultado,

Feito cachorro abandonado,

Desta aposta contra Deus

Eu vou bebendo água da chuva,

Carregando as pomas nuas

Pros quartos de motel

E nisto foram minhas economias,

Ouvindo, obrigado, "Eu te amo!

E no radinho de pilha: "Até uma outra vez!

É que eu deixei meu baby para transar a fama

Acabei transando a lama

E ela desapareceu

Foi vista em outra cama

Pra lá do Atacama

Com um outro filisteu

Eu vou bebendo água da chuva,

Esgueirando pelas ruas

Floridas de arranha-céus

Não, não carrego mais comigo

Nem os meus motivos,

Mas a inveja contida de plebeus

Eu vou bebendo água da chuva,

Carregando as pomas nuas

Pros quartos de motel

E nisto foram minhas economias,

Ouvindo, obrigado, "Eu te amo!

E no radinho de pilha: "Até uma outra vez!

H Reis
Enviado por H Reis em 25/01/2020
Reeditado em 25/01/2020
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