O Casamento da Verdade e o Poder
E o que fazer
Quando a realidade oficial
Difere da realidade real?
O que se faz quando a Verdade e o Poder
Tem um caso extraconjugal?
E quando esse caso se torna mais durável?
O que era para ser uma vez se torna uma união estável
Um casamento longevo
Porém nada agradável
Um relacionamento abusivo
Onde o Poder bate na Verdade e a maltrata
A desfigura e rechaça
O Poder é ciumento
E diz à Verdade com que roupa sair de casa
E ai de quem flertar com a infeliz Verdade
Tão sedenta por socorro
Esperando sair deste casamento
Quem ousa ir em seu resgate
Vê assim como seu esposo
Pode ser forte e ciumento
Já o Poder não se mantém tão fiel
Ora namora a Ignorância, ora o Ódio
Pois sua submissa esposa
Já não o satisfaz
Ele quer de tudo um pouco
E depois um pouco mais
Sua luxúria é grande
Seu desejo mordaz
Uma hora o Poder se mata
Numa inesperada overdose
Em seu exagero de ganância
E assim a Verdade foge
Porém já tão desfigurada
De tanto que foi judiada
Que ninguém a reconhece como ela costumava ser
Poucos sequer tem a coragem para ver
O que se tornou desta coitada
Mesmo quem se aventura a olhar
Nunca a vê como ela é
Ou como ela foi
E por mais que a cuidem
Suas feridas nunca irão sarar
E mesmo que todos que cuidam dela e com ela se relacionam
Prometam de todas as formas
Que aquilo nunca acontecerá novamente
Logo outro língua de serpente
Tomará a Verdade para a desfigurar impunemente
Ora, quem está no poder
Define o que é verdade
Por isso se chama de real
Como se vinda de um rei
Que senta em seu alto trono de poder
Que nos dita a hora certa
De viver e morrer