ChicoDoCrato-CrispinianoNeto-CordelDeRuiBarbosa
ChicoDoCrato-CrispinianoNeto-CordelDeRuiBarbosa
https://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/84244
ChicoDoCrato, Música, Voz e Violão, Arranjo, Mixagem e adaptação do texto-Cordel de Cipriano Neto.
AosMeusfilhos, Manuel(Oceânografo), Rodrigo(Logística)minhanetinhaValentina, Rafael(Agrônomo)MinhaNetinhaMariaIsadora.
Audacity110 Rítmo 000 + emSol-.. Gravação caseira. Gravar em estúdio.
Copyright: proibir a cópia, reprodução, distribuição, exibição, criação de obras derivadas e uso comercial sem a sua prévia permissão. A proteção anticópia é ativada.
01 Quero contar a história Verdadeira e gloriosa De um diplomata de peso De carreira luminosa; Um crânio cheio de graça, O nosso gênio da raça, O baiano Rui Barbosa.
02 Rui foi um líder político, Deputado e senador, Ministro por duas vezes, Foi filólogo e escritor, Tradutor e jornalista Um consagrado jurista E um gênio como orador!
03 Porém existe um detalhe Nas muitas aptidões Deste crânio brasileiro. Que deixou tantas lições: É seu lado DIPLOMATA, Onde ele compôs a nata Do concerto das nações!
04 Foi aí que Rui Barbosa Consagrou-se de verdade, Tornou-se a “Águia de Haia” Com tal legitimidade Que armado de mente e lábios Tornou-se um dos “Sete Sábios” Maiores da humanidade.
05 Seu tipo físico era frágil: Quase anão na estatura. Um metro e cinqüenta e oito, 72 de cintura. Corpo encurvado e franzino, Fisicamente um menino Mas um titã na cultura!
06 Só quarenta e oito quilos De peso e de sapiência; A fragilidade física Escondendo a inteligência... Mas provou aos seus carrascos Que “é nos menores frascos Que mora a melhor essência”!
07 Rui Barbosa de Oliveira, De Salvador, bom baiano. Nasceu em mil e oitocentos E quarenta e nove, o ano; Foi a cinco de novembro Que a luz viu o maior membro Do saber brasiliano.
08 Seu pai, Doutor João José, Viu no anão um titã, Ensinou-lhe amar os livros, Do saber tornou-lhe um fã. Maria Adélia gerou-lhe E com carinho ensinou-lhe Amor e moral cristã.
09 Com a mãe também aprendeu Amar os descamisados Aos que a vida excluiu, Aos pobres e explorados, Ao humilhado e ao cativo... Por isso tornou-se ativo Defensor dos humilhados.
10 Com cinco anos de idade Rui na escola ingressou; Seu mestre Antônio Gentil Muito espantado exclamou: Meu Brasil, eu lhe apresento O mais incrível talento Que a Bahia já criou!
11 Aprendeu em quinze dias Distinguir as orações E dos verbos regulares Fazer as conjugações, Juntar letras, soletrar, E com um ano a destrinchar As mais difíceis lições.
12 Aos onze anos de idade Já no Ginásio Baiano, Professor Abílio César Disse a seu pai: Não me engano. Tudo que eu sei, Rui já sabe. Portanto, João, já lhe cabe Colocar Rui noutro plano. 13 Foi quando Rui recebeu Sua maior honraria, Uma Medalha de Ouro, Do arcebispo da Bahia... E entre milhões de imagens De glórias e de homenagens Desta, nunca esqueceria.
14 No ano sessenta e quatro Conclui o ginasial. Só tinha quatorze anos Não tinha idade ideal Para a faculdade e então Foi estudar Alemão Até o prazo normal.
15 Ao fazer dezesseis anos, Já tendo idade e conceito Foi para Olinda cursar Faculdade de Direito, Provando o fato verídico Que para o mundo jurídico Era o cérebro mais perfeito.
16 Porém em 68 Contraiu um grande mal Adoeceu gravemente De um “incômodo cerebral” Deu um tempo em quase tudo Paralisou o estudo Até voltar ao normal,
17 E enquanto ficou em casa Por um bom tempo abrigou O poeta Castro Alves Que Eugênia Câmara largou; Castro, de Rui era um mano, Pois no Ginásio Baiano Na mesma turma estudou.
18 Rui fica bom e de novo Sua faculdade enfrenta, Se transfere pra São Paulo, Curso que mais fama ostenta; Ali virou bacharel. Ganhou diploma e anel Já no ano de 70 . 19 Doutor, voltou à Bahia, Seu solo amado e natal. De novo sofreu as dores Do “incômodo cerebral” Mas foi logo advogar Passando rápido a provar Ser grande profissional.
20 Nesse tempo Rui Barbosa, Mesmo sem ganhar fortunas Por advogar pra os pobres Já brilhava nas tribunas, E os embates sociais Travava pelos jornais Com artigos e colunas.
21 No Diário da Bahia Escrevia a pura prosa. Neste tempo, o coração Do genial Rui Barbosa Por Brasília, jovem bela, Caiu na triste esparrela... A primeira crise amorosa.
22 Mas a dor-de-cotovelo Ele logo compensou. Discursos e conferências Onde fazia, era show. Pela força da Oratória Em pouco alcançou a glória, Seu nome se consagrou.
23 Casou-se em 76 Com uma bela baiana Com quem construiu família: Maria Augusta Viana Bandeira da sua vida, Amada e deusa querida, Fantástica figura humana.
24 Augusta e Rui produziram Uma família garbosa: Que tinha nos nomes o Sobrenome “Ruy Barbosa”. Cinco filhos exemplares Diplomatas, militares E um político bom de prosa!
25 Rui ergueu-se em seu talento Para enfrentar a ganância. A ditadura e a maldade Ele enfrentou com tal ânsia Que esqueceu banca e saúde Para abraçar com virtude A causa e a militância!
26 No ano 77 De muita seca e horror Rui se elegeu deputado Erguendo um novo valor. Pela grandeza exibida Foi escolhido em seguida Pra ser nosso senador.
27 Nabuco disse que Rui Fez a República garbosa; Benjamim lhe atribuiu Revolução luminosa. Patrocínio, disse então: “Deus acendeu um vulcão Na cabeça de Barbosa”.
28 E veio a Abolição Da escravidão malvada; Vimos três anos depois A República proclamada, Cujo primeiro decreto Teve o talento completo Da sua mão consagrada! 8
29 Fez a Constituição Da República brasileira; Poucos retoques fizeram Sobre a redação primeira Seu texto estava perfeito Na política e no Direito, Uma obra verdadeira.
30 E ao nascer a República, Pelo seu saber notório Foi primeiro vice-chefe Do Governo Provisório. Brilhante, firme, empolgado O Brasil foi transformado Em seu gigante auditório! 31 Rui Barbosa e Deodoro Neste governo de início Separaram Estado e Igreja Evitaram o precipício Com o tumulto controlado Acabaram deputado E Senado vitalício.
32 Rui, Ministro da Fazenda, Pegou um cofre falido Pela provisoriedade Do governo instituído Não conseguia dinheiro... Nenhum país estrangeiro Deu-lhe o empréstimo pedido. 9
33 Emitiu papel-moeda Sem lastro em ouro na mão. Mas desviaram o dinheiro Do foco da produção Que Rui Barbosa queria. Por isso a Economia Desandou na inflação.
34 Se afastou do Ministério Mas inda fez uma ação. Mandou queimar os papéis Dos tempos da escravidão Para evitar que ex-senhores Ganhassem grandes valores Pedindo indenização!
35 Logo veio Floriano Com um chicote na mão. Então as coisas mudaram, Começou a repressão E a liberdade sonhada E democracia esperada Fora para o rés do chão.
36 As revoltas começaram. Rui contra o autoritarismo Buscando o entendimento Defendendo o legalismo E Floriano, no berro, Virou “Marechal de Ferro” Na mão do militarismo! 37 Rui Barbosa ergueu a voz Contra a intensa repressão. Aos revoltosos da Armada, Aos generais na prisão, Também aos federalistas Que queriam que as conquistas Não sucumbissem ao canhão!
38 Pra os que estavam desterrados Nas brenhas do Cucuí Rui entrou com Habeas Corpus Para tirá-los dali... Dizia Barbosa: eu sei Que um Brasil sem ter a lei Não é Brasil é “brasí”!
39 Chegou a ser exilado. Forçado deixou a terra Que amou e foi pra o Chile, Argentina e Inglaterra E escreveu famosas cartas Fazendo acusações fartas Contra ditadura e guerra.
40 Combateu a intervenção Militar contra Canudos Provou que aqueles beatos Pobres, sofridos barbudos Não queriam monarquia Queriam cidadania Comida, trabalho e estudos! 11
41 Do nosso Código Civil Ele fez a revisão Mil e oitocentos artigos Em tudo a observação Corrigindo o Português E a redação das leis Pra não ter nenhum senão.
42 Mil novecentos e cinco Resolveu ser candidato Contra Hermes da Fonseca. Seu discurso era um retrato De um Brasil progressista Contra um Brasil feudalista De atraso e de maltrato. 43 Em 07 ele foi a Haia Conferência Mundial Defendeu a igualdade Na Lei internacional Nada de fraco e de forte Rico e pobre, Sul e Norte Com direito desigual.
44 Derrubou todas as teses Da força da prepotência, De Inglaterra, França, States, De tudo que foi potência Derrubou a força insana De canhão, de bomba e grana Com a força da inteligência. 12
45 Seu nome se destacou. Foi primeiro sem segundo. Entre Choate e Nelidoff, O Barão Marshall profundo, Meye, Tornielli e Leon Foi ele quem deu o tom Dos Sete Sábios do Mundo!
46 Tornou-se a “Águia de Haia”, Do mundo recebeu louvo, Quebrou a “lei do mais forte” Criando um Direito novo. E quando voltou pra o Rio Foi só descer do navio E cair nos braços do povo!
47 Da Academia de Letras Foi dos membros varonis Fundador da ABL, Seu presidente feliz; Provou seu grande valor Ao se tornar sucessor De Machado de Assis!
48 As suas obras são tantas, De temas tão variados Que fica muito difícil Dizer em versos rimados Os títulos que publicou E a obra que legou Nos seus geniais traçados
49 “Contra o Militarismo”, “Visita à Terra Natal”, A grande “Oração aos Moços”, “Acre Setentrional”, Discursos, artigos, cartas, Foi das produções mais fartas Da Cultura nacional!!!
50 Português, Rui conhecia Mais que os mestres portugueses Fez um discurso em francês Para saudar os franceses. E diz até um ditado Que quando foi exilado Ensinou inglês a ingleses!
51 Contra Hermes da Fonseca Mil novecentos e dez Candidatou-se gritando Contra atitudes cruéis Na Campanha Civilista Contrária ao militarista Regime dos coronéis.
52 Ainda participou De mais de uma eleição Levando a campanha às ruas Dando início na nação Às campanhas democráticas Chamando em frases enfáticas O próprio povo à ação!
53 Em 18 recebeu Uma agradável surpresa Grande Oficial de Honra De uma legião francesa Mostrando um prestígio grande E aí seu nome se expande Pelo mundo com certeza!
54 Continuou escrevendo Com sua verve eloqüente, No Senado fez trincheira Mostrando ser combatente Pela causa que lhe move... Foi, de novo em dezenove, Candidato a presidente! 55 Mas no ano 21 Demonstrou grande canseira Renunciou ao mandato De senador de primeira Declarando estar cansado E “o coração enjoado Da política brasileira”!
56 Rejeitou ser chefe de Grande Congresso em Paris. De, na Liga das Nações, Representar o País. E no Tribunal de Haia Como farol e atalaia, Ser delegado e juiz! 15
57 Por tudo quanto ele fez, Pela grande sapiência, Por seu saber filosófico, Saber jurídico e Ciência Política, História e Gramática, Seu nome virou, na prática, Sinônimo de inteligência!
58 Na TV e no cinema Foi personagem famoso Foi retratado no filme “Vendaval maravilhoso” Brilhou em “Mad Maria”, Minissérie que trazia Um Brasil conflituoso.
59 E no “Brasília 18 Por cento”, filme recente Rui aparece também Trazendo exemplos pra gente E há vinte anos passados Na nota de dez cruzados Seu rosto surge de frente.
60 Seu nome é nome de ruas, De praça e Grupo Escolar, De colégios e farmácias, De cidade potiguar, É nome de quase tudo Só não vi em meu estudo Seu nome em nome de bar. 61 A “Casa de Rui Barbosa” Preserva sua memória; “Instituto Rui Barbosa” É relicário da História Deste gênio brasileiro. Baiano bravo, altaneiro Que encheu o Brasil de glória!
62 Na grande guerra de idéias, Na lei da fala macia, Na batalha de argumentos, Atuou com maestria... Sem ser profissional Foi “Pai intelectual Da nossa diplomacia!!!”
63 Os princípios defendidos, Suas argumentações, As leis por ele propostas, Seus motivos e razões Pra os países serem iguais São as colunas centrais Do Concerto das Nações.
64 Se um dia Brasil reler Suas imensas verdades Se pautando pela ética Respeitando as liberdades Quando todos formos “Rui” O nosso Brasil não rui Nem triunfam nulidades!