Motorista da Lua

É na rua que eu lhe vejo

sem-sentido mulher de avessos,

olhando a história do céu

você lembraria sem revés

do tempo que rebeldia

passava perto nossos caminhos.

Quando andávamos na lama

saber o percurso do sol fazia

a gente acreditar os ninhos

dos deuses estavam a ponto de cair

as leis do mundo seriam pregadas

por nossas mãos livres de correntes

e nem de longe suspeitávamos um do outro,

éramos viajantes e a estrada nosso espelho sem imagem

Tão fortes as certezas que o vento era nosso aliado,

tão fortes as certezas que a chuva regava nossas sementes,

tão longos os caminhos - nossos carros sempre a sair,

mas logo o mundo ficou real os caminhos eram sem rumo.

Quando você me vir de novo

saiba que eu sou outro,

acorrentado ao caminho errado

ando pelas ruas rasgado de frio

e não reconheço ninguém,

quando paro na estrada

é para ver que o tempo

me fez esquecer de mim,

guiar sob os mistérios da lua

é o destino dos perdidos

vou embora, sou dos viajantes

o que se despede dos sonhos

lavando o rosto no rio ao luar

a verdade crua

quando é dia sou apenas pó

de noite motorista da lua