PÁSSARO SEM ASAS

O negro amarrado ao tronco

Sofrendo com tanta dor

O negro olhou pro céu

Perguntou ao nosso senhor

Por que tanto sofrimento,

Será eu merecedor,

De viver nesse tormento,

De passar por tanta dor

Arrancaram-me de Luanda

Roubaram minha liberdade

Há muito tempo que não sei

O que é felicidade...

Eu perdi a liberdade

Perdi mãe, mulher e filho

Perdi minha dignidade

Meu olhar perdeu o brilho

Chibatadas eu agüento

E maldade do feitor

Só não agüento a saudade

Do meu filho, do meu amor

Eu não sei por quanto tempo

De saudade vou sofrer

Mas se eu não voltar pra Luanda

De saudade vou morrer

Feito um pássaro sem asas

Arrancado do seu ninho

Em meio a tanta tristeza

Morro bem devagarzinho

(CÁSSIA DIAS)

NOTA: CHULA DE CAPOEIRA DE ANGOLLA

Cássia Dias
Enviado por Cássia Dias em 28/09/2007
Reeditado em 28/09/2007
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