PÁSSARO SEM ASAS
O negro amarrado ao tronco
Sofrendo com tanta dor
O negro olhou pro céu
Perguntou ao nosso senhor
Por que tanto sofrimento,
Será eu merecedor,
De viver nesse tormento,
De passar por tanta dor
Arrancaram-me de Luanda
Roubaram minha liberdade
Há muito tempo que não sei
O que é felicidade...
Eu perdi a liberdade
Perdi mãe, mulher e filho
Perdi minha dignidade
Meu olhar perdeu o brilho
Chibatadas eu agüento
E maldade do feitor
Só não agüento a saudade
Do meu filho, do meu amor
Eu não sei por quanto tempo
De saudade vou sofrer
Mas se eu não voltar pra Luanda
De saudade vou morrer
Feito um pássaro sem asas
Arrancado do seu ninho
Em meio a tanta tristeza
Morro bem devagarzinho
(CÁSSIA DIAS)
NOTA: CHULA DE CAPOEIRA DE ANGOLLA