09. Favela Berço Bruto
Eu gritei mais de mil vezes na frente de um espelho
Eu vou mudar, vou vencer
Dar adeus a hábitos velhos
Mas, mano é foda a estrada
Os vícios chegam e se enraízam
No início busco paz
No fim caio no abismo
Dose incerta, nos traz a fragrância, selva da ilusão
Embaça e cega a vista até do águia da missão
Traições, carapuça, a peste, falta de caráter
Na moral, nossa gente veste preto pra viver
Sem visão, manipulação dos fracos e oprimidos
Enquanto tu sorri eles te impedem de crescer
Cada chão, cada mano em cada canto desse escuro
Cada falha da elite contra nossos futuros
Cada rima te perfura, adentra a alma
Te estrangula o ego
Combate o elo enferrujado e cede vista ao cego
Coleção de cicatrizes, tetos, bocas de fumo
Abre o olho que os ratinho tão de Uno
Sonhos desprezados, lavação de roupa suja
Destinos pesados, dois é toca das coruja
Só locão, bom guerreiro
Ralação de ponta a ponta
Malandragem nata
Guerra ingrata que afronta
Capto os bico subir
Os bico sobe com frequência
Uma vida ajoelhada implorando clemência
Na esquina, só o vento da malícia gela o clima
Vento que anuncia mais chacina
Nos jornais, só o sangue que escorreu noite passada
Sangue que ainda mancha a minha quebrada
(Refrão)
Deixa o tempo agir
A vontade de vencer é grande
E o caminho a percorrer é longo
Veja a luz em si
O alto da fissura, a solidão
O preço da loucura é a isolação
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Na madruga ouço os sapeco misturado
Aos vulto atrás de um teco
Aos vulto atrás de um descuidado
Mas na rua, ladrão, cenário do imprevisto
Quanto ao sentimento, eu sinto um misto
Quero botar fé que um dia faço acontecer
Quero botar fé pro nosso núcleo transcender
Os grampo me sufoca, os trampo não me enxerga
Focamos na vitória e a vitória exige entrega
Zé povinho é praga séria e os demônios tão na Terra
Demônios que corrompem, deixam rastros de miséria
O que sonha ser no teu melhor momento?
Tudo é de verdade quando toca por dentro
Pense mais em si, aja mais por si, viva mais por si
Permita-se notar que o semelhante sofre ali
Minha coroa rala enquanto a ampulheta anda
Migalhas na mesa da vida, dinheiro comanda
Sexo por esporte também é inspiração
Nada mais versátil do que a trilha da razão
Sonhos desprezados, lavação de roupa suja
Destinos pesados, dois é toca das coruja
Pelo amor do pai, viva o que há pra viver
E deixa os tolo se explodindo por poder
Pelo amor do pai, chove o que tem pra chover
Deixa os corvo sufocando por poder
(Refrão)
Deixa o tempo agir
A vontade de vencer é grande
E o caminho a percorrer é longo
Veja a luz em si
O alto da fissura, a solidão
O preço da loucura é a isolação
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No entanto a falsidade cobra um preço perigoso
O cão é onipresente e move a mente a contragosto
Cuidado com os falsos amigos que fingem bem
Esses que não cedem o respeito a ninguém
Explana, sofre a gana e parte, sobe mais cedo
Canarinho sempre canta, nunca guarda segredo
Conterrâneo, é fuga, os homi tão nos pico da vila
Dando atraque de surpresa em alemão que vacila
Já mandaram avisar que vão invadir o morro
Pelo inimigo infiltrado com a máscara do Zorro
Sou Leão, revolução, sobrevivo nos entulho
E ainda sonho em tá no topo do bagulho
A gente trampa pra um dia viver bem
Tempo passa, envelhecemos e esse dia nunca vem
A gente rala pra um dia chegar lá
Uma deslizada e eles tentam nos derrubar
Na humilde, faço a minha, jogo em vários tabuleiros
Na moral, essa laia vende a alma por dinheiro
Seja consciente, jão
Preste atenção, irmão
Use o dom da mente e as coisas boas virão
Cada peça do xadrez tem a sua ambição
Cada carta do baralho tem a sua aparição
Cada filho no martírio crê na sua ascensão
Contenção, contenção, contenção, contenção
A favela veste luto
Favela berço bruto 2x
A vila é berço bruto 2x
Favela berço bruto