Mofo

Tem certas verdades que são escondidas por trás da porta,

algumas outras, varridas pra debaixo do tapete.

Por tudo isso, só me resta a pergunta:

Qual é a tua verdade?

O que desperta a tua sede?

De manhã hastearam a bandeira,

mas o céu estava cinza.

Todos os domingos são sempre assim,

não me dão opção.

Ou vai pro culto,

ou à missa.

Estou cansado,

não quero!

Tá rolando a preguiça...

Nas paredes do meu quarto fica este tédio,

não tem tinta nova.

Nem posso ir lá fora...tudo vazio!

Até meu coração.

Mas você insiste que o mito voltou.

Que o mofo é a nossa esperança.

Todos os dias ouço a mesma coisa,

o mesmo blá blá blá...

Guarde o teu discurso,

não vou te escutar.

Ainda assim,

você repete:

Acesse ao celular;

ligue a TV,

se prenda na rede.

Será que você não me entende?

Todo este vazio esta me revoltando.

Porque eu quero mais,

necessito de cores.

Tardes nos parques,

novos amores.

Quero passear com o presente...

Mas, onde ele está?

Você o levou...

Às vezes penso que tudo seja um pesadelo,

não vejo mais nada.

Sou um tijolo pra compor o teu muro,

uma sombra no espelho.

A corda.

Acorda!

Tirem-na de mim.

A corda.

Acorda!

Quero ir pro futuro....

Filho,

o passado é a nossa grande invenção da História.

É tudo o que te espera.

Alegre-se,

breve traremos a guerra.

Autor: Francisco de Assis Dorneles

ChicosBandRabiscando
Enviado por ChicosBandRabiscando em 05/04/2019
Reeditado em 30/12/2019
Código do texto: T6616215
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