ESPELHO

Se ainda somos estorvo,

vamos, simbora, meu povo,

que há tempos nada de novo

essa gente pode ver.

O marasmo continua,

absurdos, falcatruas,

pelas praças, pelas ruas,

e o que se há de fazer,

se a verdade nua e crua

nunca dá de se coser.

Não há nada que se faça

e o pão que o sujeito amassa

sempre temos que comer.

Quem dá o pão nos castiga

e o castigo nunca falha,

mas do pão e da batalha

o mesmo não posso dizer.

Somos eternos palhaços

No imenso circo sem lona,

um fardo, obsoletos,

mas isso não vem ao caso.

Não vou falar do descaso

que norteia nosso pleito

só deveres, sem direitos

e a plateia a abismada

seja vaiando ou calada

somos nós, entrelaçados,

sentados na arquibancada

observando inertes

o palhaço a dar risada.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 16/03/2019
Código do texto: T6599344
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