ESPELHO
Se ainda somos estorvo,
vamos, simbora, meu povo,
que há tempos nada de novo
essa gente pode ver.
O marasmo continua,
absurdos, falcatruas,
pelas praças, pelas ruas,
e o que se há de fazer,
se a verdade nua e crua
nunca dá de se coser.
Não há nada que se faça
e o pão que o sujeito amassa
sempre temos que comer.
Quem dá o pão nos castiga
e o castigo nunca falha,
mas do pão e da batalha
o mesmo não posso dizer.
Somos eternos palhaços
No imenso circo sem lona,
um fardo, obsoletos,
mas isso não vem ao caso.
Não vou falar do descaso
que norteia nosso pleito
só deveres, sem direitos
e a plateia a abismada
seja vaiando ou calada
somos nós, entrelaçados,
sentados na arquibancada
observando inertes
o palhaço a dar risada.
Saulo Campos - Itabira MG