Sem Carnaval, Sem Futebol, Sem Sol e Sem Moral
7 dias da semana sem luz
Sem sol, sem moral e sem futebol
Sem água ardente, sem carnaval
Você não entende! você não entende!
Não tão são quanto Santo Antão
Mas peço a intercessão nessa escuridão
Meu Santo do deserto eu deixo o copo quieto
Nessa ocasião, nessa imensidão
Apagaram a luz então eu vou na turvação
O poeta me ensinou seguir firme a cerração
Ir em frente e nunca desistir
Dar o que puder proteger minha mulher
Salvar minha família sempre todo dia
Ter a hora certa de comemorar
Correndo e querendo o bem dessa nação
Buscando e lutando na fé do coração
Mas não é mole não o tempo tá ruim
Eu vou a pé, vou de buso, vou de trem
Vou além com ou sem "dindin"
Com ou sem mulher, com ou sem ninguém
Meu relógio da sorte quebrou
E o meu anjo da guarda não veio
Paciência é um jogo difícil
E palavra cruzada eu não tenho
Eu vejo o povo todo procurando solução
Desprezados na calçada alguns dormem no chão
Pra onde é que eu vou! da onde é que eu vim!
Encontro com a fome não sou o "Superôme"
E nem é muito longe é tudo por aqui
Encontro essas pessoas todo o dia enfim
É muita gente aqui na ONG do Sopão
Você não entende! você não entende!
Da janela do metrô, da janela do meu quarto
Eu fico esperando a esperança de fato
Eu vejo as crianças tudo na miséria
Eu sinto uma tristeza você não tem ideia
Tô a horas no ponto esperando o "busão"
Todos se esfregando que contradição
Que constrangedor eu vou na contramão
Meu salario tá no bolso mas eu tô ligadão
Tô rumo a minha casa indo pras estrelas
Depois desse navio negreiro
Depois dessa correnteza
Esperando de braços abertos a minha Nega