Sem Carnaval, Sem Futebol, Sem Sol e Sem Moral

7 dias da semana sem luz

Sem sol, sem moral e sem futebol

Sem água ardente, sem carnaval

Você não entende! você não entende!

Não tão são quanto Santo Antão

Mas peço a intercessão nessa escuridão

Meu Santo do deserto eu deixo o copo quieto

Nessa ocasião, nessa imensidão

Apagaram a luz então eu vou na turvação

O poeta me ensinou seguir firme a cerração

Ir em frente e nunca desistir

Dar o que puder proteger minha mulher

Salvar minha família sempre todo dia

Ter a hora certa de comemorar

Correndo e querendo o bem dessa nação

Buscando e lutando na fé do coração

Mas não é mole não o tempo tá ruim

Eu vou a pé, vou de buso, vou de trem

Vou além com ou sem "dindin"

Com ou sem mulher, com ou sem ninguém

Meu relógio da sorte quebrou

E o meu anjo da guarda não veio

Paciência é um jogo difícil

E palavra cruzada eu não tenho

Eu vejo o povo todo procurando solução

Desprezados na calçada alguns dormem no chão

Pra onde é que eu vou! da onde é que eu vim!

Encontro com a fome não sou o "Superôme"

E nem é muito longe é tudo por aqui

Encontro essas pessoas todo o dia enfim

É muita gente aqui na ONG do Sopão

Você não entende! você não entende!

Da janela do metrô, da janela do meu quarto

Eu fico esperando a esperança de fato

Eu vejo as crianças tudo na miséria

Eu sinto uma tristeza você não tem ideia

Tô a horas no ponto esperando o "busão"

Todos se esfregando que contradição

Que constrangedor eu vou na contramão

Meu salario tá no bolso mas eu tô ligadão

Tô rumo a minha casa indo pras estrelas

Depois desse navio negreiro

Depois dessa correnteza

Esperando de braços abertos a minha Nega

Paulo Poba e Suzana Costa
Enviado por Paulo Poba em 01/03/2019
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