FranciscoFaus-ChicoDoCrato-Ainveja
FranciscoFaus-ChicoDoCrato-Ainveja
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ChicoDoCrato, Música, Voz, Violão, Sintetizador, Arranjo, Mixagem e adaptação do texto FranciscoFaus.
Audacity, 000 Rítmo 057 + 50 em Lá--. Gravaçao caseira. Gravar em estúdio.
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A inveja é triste. O invejoso é infeliz. Se deixarmos esse vício tomar conta de nós, o coração perde a capacidade de alegria. A pessoa invejosa anda triste, vive amargurada. O seu coração é como um buraco negro, que engole e anula todas as alegrias que lhe batem à porta, todas as luzes de felicidade possível que o convidam a sorrir.
Não há ninguém que, voluntariamente, queira ser invejoso ou deseje passar pelos sofrimentos que a inveja traz consigo, mas infelizmente são muitos, muitíssimos, os que padecem desse mal – mesmo que não o reconheçam de modo algum – e sofrem as suas conseqüências demolidoras.
Se conseguíssemos extirpar da nossa alma a inveja, seríamos muito mais felizes, os nossos olhos se abririam, e passaríamos a descobrir inúmeras riquezas da vida, do mundo e dos outros que, agora, a inveja nos impede de perceber e desfrutar. Tendo isso em conta, estas páginas sobre a inveja pretendem ser, antes de mais nada, um convite à alegria.
Foram escritas com o fito de ajudar pelo menos alguns – Deus queira que o consigam! – a libertar a alma desse vício nefasto, que é como uma cerca de arame farpado a aprisionar a alma, ou como um câncer a devorar o coração.
Para isso, precisaremos, primeiro, iluminar o terreno da vida, a fim de localizar a cerca da inveja e as suas farpas; a fim de detectar as características desse tumor maligno.
Disso vai tratar a primeira parte desta obra: nela, procuraremos mostrar o verdadeiro rosto da inveja, as raízes de onde nasce e os males que provoca.
Há uma definição de inveja que é clássica:
A inveja é a tristeza sentida diante dobem do outro.
Definição curta e simples, que começa por afirmar que a inveja é um tipo de tristeza.
Mas não é uma tristeza qualquer.
De modo geral, as nossas tristezas são causadas por um mal (pelo menos, por algo que nós consideramos um mal): pode ser um acidente, um fracasso, uma doença, a perda de uma pessoa querida, etc.
A inveja, pelo contrário, é causada por um bem, um bem alheio, que nós consideramos como um mal, simplesmente porque não o temos.
Quase todos os bens alheios podem ser motivo de inveja.
Podemos ficar tristes pelo que os outros são: alegres, simpáticos, inteligentes, fortes, hábeis, etc.
A moça feia inveja a moça bonita, o baixo inveja o alto, o curto de inteligência inveja o intelectual brilhante, o desajeitado inveja o habilidoso, a solteirona inveja as casadas.
Podemos ficar tristes pelo que os outros têm: dinheiro, prestígio, cargos, casas, fazendas, carros, viagens, diversões.
Podemos ficar tristes por verificar – ou imaginar – que os outros são mais queridos: que recebem mais carinho, mais atenções, mais mimo, mais dedicação do que nós. É o grande capítulo dos ciúms.
E podemos ficar tristes por causa da felicidade que os outros demonstram e que nós não experimentamos.
“É uma desgraça sem remédio odiar a felicidade alheia”.
Mas, será que todas as formas de tristeza diante de um bem alheio são inveja? Não.
Há tristezas motivadas pelo bem dos outros, que embora sejam chamadas de inveja, nada ou pouco têm a ver com ela. Para ficarmos com uma idéia mais precisa, vamos considerar os traços próprios das invejas “verdadeiras” e os das “falsas”.
A inveja verdadeira sempre tem como característica o fato de que o bem alheio é considerado um mal próprio, como diz São Tomás de Aquino. Ficamos tristes porque esse bem não possuído nos rebaixa: diminui o nosso conceito íntimo – a imagem que fazemos de nós mesmos – ou a nossa consideração social, diminui a nossa glória, em suma, humilha-nos aos nossos olhos e aos olhos dos demais. O invejoso não suporta que os outros estejam acima dele ou sejam mais felizes ou mais queridos, e, por causa disso, dedica-lhes antipatia e
até mesmo aversão.
Todos conhecemos um tipo de comentários, carinhosos e afavelmente condescendentes, que não passam de farpadas venenosas de inveja: – “Fulana é muito boa, mas, coitada, é tão curtinha de cabeça! Faria otimamente outra coisa, outro trabalho; mas, para isso, apesar da sua boa vontade, acho que não tem jeito mesmo”; ou, então: – “Olhe, querida, não é por mal – é pensando no seu bem –, mas esse rapaz não lhe convém. É uma
pena, sendo tão bom e tão bem situado na vida, mas andam falando umas coisas dele por aí, que não sei, não sei..., acho melhor ir com cautela, não se envolver...”
Sendo isso assim, não estranha nada que os filósofos e os santos sejam unânimes em apontar, como um dos principais frutos da inveja, a maledicência.
O Bem-aventurado Josemaría Escrivá, fazendo-se eco dessa apreciação, dizia:
Tris No Final
“A maledicência é filha da inveja; e a inveja, o refúgio dos infecundos”.