NUNCA SE VENCE UMA GUERRA

Nunca se vence uma guerra, há menos baixa.

Debaixo da trincheira, sem honra e sem nada.

Tifoide, tiro, vil baioneta que soldado encaixa.

Olho do tirano não distingue o hábito da farda.

Campo, batalha, barulho da morte, cheiro de dor.

Desemboca em ruas desertas pela sede do medo.

Sai da sombra, desespero disfarçado em segredo.

Intuito, deixar o instinto selvagem mais aliciador.

Ambição fraudulenta, corre solta, tal boi no pasto.

Tornou-se rotina, até pra quem acredita ser casto.

Por baixo do pano, num passe de mágica, pronto.

Comprou o guarda com a saideira e dirigiu tonto.

Colocado na balança o pêndulo oferece oscilação.

Tendência ao caos, o que fazer, hoje tem futebol.

São tantos prazeres na vida, sentido obstinação.

Tempo, senhor do destino, penhorado a luz do sol.