SERTÃO ESVERDEADO
O poeirão da estrada velha não me cega
Várias léguas para galopar
Estou indo avisar no rancheirão
Que a água do sertão, mandacaru sabe guardar
Quantas cancelas eu abrir depressa e bem cedo,
já depois da reza, boiada no napier pra boi engordar
Fim de tarde e nem me venha
To pegando a lenha pra fogueira incendiar
Na sombra do Joá tem festejos pra dançar
as meninas pra cantar, tropeiros a cavalgar
O sanfoneiro que chegava devagar ouviu o passarinho assobiar anunciando o final da seca pro sertão esverdear.
Melado de rapadura, satisfaz a criatura
Pois aqui a vida é dura
Que não dá pra aguentar
E o rei veio de Exú
Com um balde de umbu
Para os dentes desbotar
A morena acenava da arquibancada no meio da vaquejada e até me deu um oi
Boi corria a pista, juntei força pra chegar na risca
Narrador gritou... Valeu o boi!
Engenho de cana, moi na cuia, pinga na cabaça,
leiteira de queijo, berrante coalhada, carcarejo
ordenha na novena, mesa de fartura
procissão pra adorar, no sertão é só chuva.