SERTÃO ESVERDEADO

O poeirão da estrada velha não me cega

Várias léguas para galopar

Estou indo avisar no rancheirão

Que a água do sertão, mandacaru sabe guardar

Quantas cancelas eu abrir depressa e bem cedo,

já depois da reza, boiada no napier pra boi engordar

Fim de tarde e nem me venha

To pegando a lenha pra fogueira incendiar

Na sombra do Joá tem festejos pra dançar

as meninas pra cantar, tropeiros a cavalgar

O sanfoneiro que chegava devagar ouviu o passarinho assobiar anunciando o final da seca pro sertão esverdear.

Melado de rapadura, satisfaz a criatura

Pois aqui a vida é dura

Que não dá pra aguentar

E o rei veio de Exú

Com um balde de umbu

Para os dentes desbotar

A morena acenava da arquibancada no meio da vaquejada e até me deu um oi

Boi corria a pista, juntei força pra chegar na risca

Narrador gritou... Valeu o boi!

Engenho de cana, moi na cuia, pinga na cabaça,

leiteira de queijo, berrante coalhada, carcarejo

ordenha na novena, mesa de fartura

procissão pra adorar, no sertão é só chuva.

OSMAR ZIBA
Enviado por OSMAR ZIBA em 14/05/2018
Código do texto: T6336379
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